22 - Finalmente o "felizes para sempre...?"

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Oito meses depois

Então…voltei a frequentar a igreja. Toda semana. Às vezes, duas vezes por semana.

Sim, sou eu, a Lisa.

Bom te ver. Sentiu saudade? Levando em conta a expressão em seu rosto de “gostaria de enfiar seu pinto num apontador de lápis automático”, acho que isso é um não. Ainda está com raiva, né? Não posso dizer que te culpo. Foram três semanas duras antes de conseguir olhar meu reflexo no espelho e não querer bater na minha bunda. Na verdade, teve uma noite em que eu estava com os caras, comemorando um acordo
ferrado que o Jack fechou e, depois de muitas doses de Jäger, implorei para que o Matthew me desse um soco bem forte no saco.

Porque não conseguia parar de ver o olhar no rosto da Jennie quando ela entrou por aquela porta naquela noite horrível. Ele
voltava na minha mente diversas vezes, igual àqueles filmes insuportáveis que passam constantemente na TV a cabo, mas que ninguém nunca assiste.

Para minha sorte, Matthew recusou. Tenho mais sorte ainda, pois Deloris não estava com ele, porque ela, com certeza, teria ficado muito feliz em dá-lo. É… a lista de pessoas que tive que beijar a bunda durante os últimos meses foi enorme. Poderia fazer uma linha de produção. Jennie, Deloris, Carol, meu pai, Rosé…

Você perdeu muita coisa. Vou tentar te deixar por dentro de tudo.

O que você sabe sobre épocas de renovação? Todo grande time de beisebol tem uma. Os Yankees, no entanto, tem uma em anos alternados. A meta de um ano de renovações não é ganhar o Campeonato Mundial. É desenvolver suas forças, reconhecer suas fraquezas. Tornar seu time sólido… forte. É assim que foram aquelas semanas para a Jennie e para mim
depois que ela inventou de se mudar. Ela não demorou muito para encontrar um apartamento novo. Era com um quarto, mobiliado, em uma parte boa da cidade. Era pequeno… minha irmã o chamava de
pitoresco. Se estivesse sendo positiva, diria que era bem legal.

Mas ser positiva não é bem minha praia, então era um lixo. Eu o odiava, cada centímetro dele.

A primeira segunda-feira que eu e a Jennie voltamos ao trabalho não foi agradável. Meu pai nos levou até seu escritório e fez com que a gente ficasse sentadas, escutando O Sermão. É uma técnica de castigo que ele desenvolveu durante a minha adolescência, quando percebeu que bater em mim pelos meus erros não era tão eficaz quanto antes. O velho é um falante – Wendy Davis não tá com nada perto dele –, e ele consegue ficar falando durante horas. Houve épocas em que eu, na verdade, preferia que ele me batesse, seria tudo muito mais fácil.

O longo discurso verbal que ele aplicou naquele dia, em particular, comigo e com a Jennie incluía palavras como “decepcionado” e “julgamento incorreto”, “imaturidade” e “autorreflexão”. No final, ele explicou que tem dois grandes amores na vida – sua família e sua empresa –, e que ele não permitiria que um acabasse com o outro. Então, se a Jennie ou eu deixarmos nossas vidas pessoais interferirem no nosso desempenho profissional novamente, uma de nós ou nós duas teríamos que procurar emprego em outro lugar.

No geral, achei tudo aquilo bem benevolente da parte dele. Se eu tivesse em seu lugar, teria me demitido. Mais tarde, quando contamos para ele que ele seria avô pela terceira vez… Bom, vamos apenas dizer que as ótimas notícias demoraram um bom tempo para reestabelecer nossa relação.

Eu e a Jennie nos víamos todos os dias, no trabalho e depois dele. Não dormíamos na mesma casa, mas tínhamos encontros: jantares, shows, caminhadas no Central Park, maratonas de conversas ao telefone, que eram mais longas do que as de adolescentes.

Conversávamos muito. Acho que essa era a intenção.

Estabelecer comunicação.

Não fazíamos nada escondido. Tudo era posto na mesa.

Atraída 2 (JenLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora