Capítulo 1 - Um lugar para chamar de lar

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1994

As coisas não estavam fáceis para papai. Depois que todos em Hogwarts ficaram sabendo sobre sua licantropia, ele teve que deixar a escola e com as leis restritivas aos lobisomens, ficou bem difícil conseguir um novo emprego.

Fazia uma semana que eu estava de férias, mas o tempo não estava propício para atividades externas. Um temporal castigava a cidade.

Foi nesse clima que ouvi um barulho vindo da cozinha. Me assustei e peguei minha varinha. Eu não podia usar magia fora da escola, a não ser que minha vida corresse risco. Andei até lá da forma mais silenciosa que consegui e me surpreendi com quem encontrei:

- Pai! - corri para abraçá-lo. - Não esperava você por aqui hoje, ainda mais com essa chuva.

- Eu precisava falar com você - ele me deu um beijo na cabeça.

- Senta - puxei uma cadeira para mim e papai outra para ele. Deixei minha varinha em cima da mesa usando uma mão para apoiá-la impedindo que rolasse para o chão.

- Você não vai poder ir para minha casa esse final de semana.

- Porque pai?

- Tive que entregá-la. Aluguei um quarto no Caldeirão Furado.

- Papai... - a noticia me entristeceu. - Você não conseguiu arranjar um emprego ainda?

- Ainda não Lana, - ele segurou minha mão que estava sobre a mesa - mas não se preocupe com isso. Só quis vir te avisar para você não ir até lá à toa. Levantei da cadeira e sentei no colo dele.

- Eles são muito obtusos com essas coisas - eu passava a ponta dos dedos nas cicatrizes no rosto dele. - Se deixam levar por um curto período do mês quando você tem um probleminha...

- Meu pequeno problema peludo - papai riu. - Era assim que James se referia a mim.

Eu sorri e o abracei - você é uma pessoa maravilhosa, não é justo.

- O mundo não é justo coração - ele me envolveu entre seus braços.

Não era justo mesmo. Eu conhecia o papai de verdade e não tinha medo dele, mas as outras pessoas tinham medo sem ao menos conhecê-lo.

*
Durante o almoço de sexta-feira eu contei para a mamãe que os planos de sábado haviam mudado.

- Ele prometeu passar aqui sábado à tarde - disse entre uma garfada e outra.

- Seu pai ainda não conseguiu um emprego? - Wesley perguntou.

- Ainda não.

- É a doença que ele tem que atrapalha não é? - ele perguntou. - O que ele tem mesmo?

Eu e mamãe trocamos um olhar aflito.

- É uma síndrome, não sei o nome... - mamãe tentava improvisar uma resposta.

- Ele passa por uns períodos de indisposição... - tentei ajudar.

- Uma pena minha especialidade ser pediatria. Há muito tempo não trabalho com adultos, mas eu posso indicar um médico se ele quiser. Talvez com alguns exames eles encontrem um tratamento adequado que diminua os efeitos dessa síndrome - Wesley tomou um gole de suco. - As pesquisas sobre novos medicamentos têm avançado muito nos últimos anos e muitas doenças, antes sem tratamento adequado, ganharam um melhor prognóstico. Em alguns casos até a cura.

Eu senti vontade de rir, mas me contive. Fiquei imaginando como um médico trataria um caso como o do meu pai. Mamãe ficou aliviada com o fim das perguntas.

Livro 2 - Magia em todo lugarOnde histórias criam vida. Descubra agora