Capítulo 2 - Lar doce Lar

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1994

Toda aquela arrumação abriu meu apetite. Fui procurar o que comer na geladeira, mas como era de se esperar, ela estava vazia. Papai e eu precisaríamos ir ao mercado.

- Acho que teremos que fazer umas compras - disse.

- Sem problemas. Aparatamos no Beco Diagonal...

Fechei a geladeira e o interrompi - pensei em uma coisa um pouco diferente.

Ele sorriu para mim e esperou que eu falasse.

- Tem um mercadinho aqui perto...

- Mas eu estou sem dinheiro muggle filha.

- Isso não é problema - eu sorri.

- Não, Lana. Não vou deixar você gastar o seu dinheiro.

- Papai, que bobeira - eu me aproximei dele. - Mas se fizer você se sentir melhor, eu aceito trocar meu dinheiro com o seu, assim já fico com algum dinheiro para quando for ao Beco Diagonal comprar meu material para o próximo ano.

Ele aceitou a ideia e já com as conversões monetárias feitas, nós dois saímos da casa. Agora que papai tinha dinheiro muggle, podia comprar as coisas sem precisar ir muito longe.

Nós atravessamos o pequeno jardim que havia em frente à casa e saímos pelo portão que era conjugado com a entrada da garagem. A casa ficava em uma área totalmente residencial onde todas as construções eram muito parecidas e cercadas por muros baixos.

Andamos por dois quarteirões e chegamos a um mercado com corredores exageradamente iluminados. Não passávamos de uma dupla de pai e filha fazendo compras. Eu, que empurrava o carrinho, olhei para papai e sorri recebendo seu sorriso de volta. Aquela experiência estava sendo espetacular para nós apesar de tão simples.

Papai decidiu que compraria tudo o que precisava para não ter que voltar mais vezes ali, principalmente porque a lua cheia estava se aproximando e ele não iria sair de casa.

Fizemos o caminho de volta carregando várias sacolas e quando chegamos guardamos tudo em seus lugares.

- Você está com fome filha? - perguntou papai quando terminamos.

Confirmei com um aceno de cabeça. Se já estava com apetite antes, depois de toda aquela caminhada já estava desejando um banquete como os de Hogwarts.

- Vou preparar algo para comermos.

Eu sorri - quero ajudar.

- Não precisa filha - ele disse sorrindo. - Estou pensando em algo simples. Uma sopa pode ser?

- Hum, claro! - respondi. - Se importa se eu for tomar um banho enquanto fica pronto?

- Claro que não me importo filha, pode ir - ele sorriu.

Depois de um dia como aqueles não havia nada tão bom quanto um banho. Talvez só o jantar que papai estava preparando.

Quando terminei estendi a toalha sobre o varal que havia no quintal dos fundos e separei a roupa suja para lavar depois. Desci então para a cozinha onde ele, sentado em uma cadeira, vigiava uma panela borbulhante sobre o fogão. O cheiro que se espalhava era maravilhoso.

- Hum... fiquei com mais apetite ainda! - anunciei.

Papai sorriu - será que você vigiaria a panela para mim? Quero tomar um banho também.

- Claro! - respondi.

- Não precisa se preocupar com nada. É só tomar conta para o fogo não apagar e a água não secar.

- Pode deixar.

Papai me deixou na cozinha com minha tarefa. Eu resolvi fazer algo mais. Coloquei sobre a mesa que havia no centro da cozinha, uma toalha e duplas de pratos, copos e talheres. Resolvi também pegar algumas laranjas e fazer um suco. Enquanto eu fazia tudo isso, não deixava de verificar a sopa. Papai havia colocado vários legumes dentro da panela, além de pedaços de carne, cebola, alho, cebolinha e salsa. Ele sorriu ao entrar na cozinha e encontrar tudo o que eu havia preparado.

- Filha, não precisava ter tido tanto trabalho.

- Não é trabalho quando é pra você papai - respondi sorrindo.

Não resisti a vontade de abraçá-lo. Ele retribuiu o abraço, mas me soltou rapidamente para checar a panela. A sopa estava pronta. Ele nos serviu, eu enchi os copos com suco e nos sentamos à mesa.

- Então, ficou bom? - ele perguntou.

- Excelente pai! Você cozinha muito bem!

- Nem tanto Lana, eu apenas faço o básico.

- Você é muito modesto pai.

A sopa estava ótima. Comi tudo e ainda repeti. Papai também gostou do suco.

Quando terminamos, ele não queria que eu lavasse a louça, mas eu insisti e ele acabou guardando as outras coisas que ficaram sobre a mesa para me ajudar.

- Acabei - eu disse quando passei o último prato para ele secar e guardar.

Papai sorriu. Juntos, nós deixamos a cozinha e fomos para a sala. Ele acendeu a lareira e nos sentamos no sofá. Eu tentei segurar um bocejo, mas não consegui.

- Cansada? - papai perguntou.

- Não - respondi tentando disfarçar o sono.

- Vou fingir que acredito - papai me puxou para perto dele e me aninhei em seu colo. - Quer ouvir uma história?

Sorri. Às vezes eu tentava cuidar de tantas coisas que esquecia o fato de ainda não ter nem 12 anos completos.

- Eu quero - respondi.

- Qual você quer ouvir?

- A fonte da Sorte - respondi. Não era a primeira vez que eu ouvia aquela história, mas era a minha favorita. Não havia conto mais mágico e ao mesmo tempo mais sem magia.

Havia um exemplar dos contos de Beedle, o Bardo em nossa estante, mas papai não precisava dele, sabia todas as histórias de cor. Enquanto contava a história ele acariciava meus cabelos. Lutei o máximo que pude contra o sono, mas com os carinhos do papai e seu tom de voz tão doce enquanto narrava a fábula, acabei pegando no sono antes mesmo dele terminar de contá-la.

***
Comer e dormir! Alguém conhece algo melhor?

Então, gostaram desse capítulo? Doçura que não acaba mais, né? Espero que vocês não estejam ficando enjoados.

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Livro 2 - Magia em todo lugarOnde histórias criam vida. Descubra agora