1994
A lua cheia. Um encanto para os apaixonados, mas um pesadelo para mim. Nem a mais forte tempestade me deixava tão angustiada quanto à lua cheia. Eu mantinha comigo um calendário para saber quando aquela fase chegaria.
Olhei o calendário pela segunda vez aquela manhã. Não tinha jeito, era naquela noite. Saí do meu quarto e encontrei papai na cozinha tomando uma xícara de chá. Quando entrei no cômodo ele olhou para mim.
- A que horas sua mãe vem te buscar? - perguntou.
- Não sei o horário certo. Ela só disse que viria depois de terminar as aulas da parte da manhã na faculdade - eu peguei uma maçã de dentro do cesto de cima da mesa. - Acho que ela acaba as aulas por volta das 10 horas - eu puxei uma cadeira e soltei meu corpo sobre ela, comendo a fruta.
Papai olhou para minha expressão de desânimo.
- Não Lana - papai terminou o chá e lavou a xícara.
Depois puxou uma cadeira e se sentou de frente para mim - eu vou me sentir mais tranquilo se você estiver longe daqui, em segurança.
- E se eu voltar manhã de manhã?
- Não precisa - ele esticou o braço e me puxou para me sentar no colo dele. - Além do que vai ficar difícil para a sua mãe ou o Wesley te trazerem aqui.
- Mas...
- E não precisa se preocupar - ele sorriu. - Agradeço sua preocupação, mas não é necessária. Passo por isso há muito tempo e consigo me arranjar bem.
Eu acariciei seus cabelos - você tem wolfsbane suficiente?
- Tenho - ele sorriu.
- Precisa de mais alguma coisa do mercado?
- Não - ele sorriu e começou a me fazer cócegas. Eu ria enquanto ele continuava - me preocupo com você - eu disse quando ele parou.
- Eu sei, mas sou eu quem deveria me preocupar com você.
- Ah, papai - dei mais uma mordida na maçã e sorri.
- Já arrumou suas coisas?
- Sim, está tudo pronto.
Papai me abraçou carinhosamente.
Por volta das onze horas, mamãe estacionou em frente à casa. Eu e papai estávamos na sala e ao vê-la chegar eu fui até meu quarto buscar minha mochila. Quando voltei, minha mãe estava de pé junto a porta conversando com papai. Eu corri até ele e o abracei com firmeza. Ele correspondeu e depois se agachou em frente a mim.
- Não chore - ele tentava me consolar enquanto secava as lágrimas que desciam pelo meu rosto com os polegares. - Eu vou ficar bem - ele sorriu confiante.
Eu sorri de volta e o abracei de novo - depois da lua cheia eu volto.
- Eu vou estar aqui te esperando - ele respondeu.
Nos abraçamos mais uma vez e eu segurei a mão da minha mãe que já estava com minha mochila. Ela se despediu dele e nós duas saímos. Enquanto atravessávamos o jardim eu olhava para trás vendo papai acenar da soleira da porta. Assim que mamãe e eu entramos no carro, ela deu a partida no motor e fomos embora.
- Seu pai vai ficar bem princesa - mamãe disse depois de um tempo em silêncio. Eu olhei para ela e sorri timidamente.
- Mamãe, se quando toma a Wolfsbane ele não perde a consciência, porque ainda assim toda essa precaução?
- Seu pai me disse que contou sobre o que aconteceu naquela casa quando ainda éramos casados.
- Sim, ele me contou sobre o acidente no porão - eu respondi tristemente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livro 2 - Magia em todo lugar
FanfictionApós passar um ano inteiro com meu pai Remus Lupin, é hora de voltar sozinha para a escola. Depois que sua condição de lobisomem foi revelada, ele preferiu evitar o preconceito dos pais dos alunos e pediu demissão. Entretanto, Hogwarts sempre nos ag...