Capítulo 11 - Debaixo daquela árvore

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1994

Logo chegou o dia da primeira tarefa. Os campeões tinham que recuperar um ovo dourado guardado por um dragão! Foi emocionante! Todos conseguiram cumprir a tarefa e muitos pararam de perturbar Harry depois que viram o real perigo do torneio.

Alguns dias depois, a professora McGonagall nos deu uma notícia que finalmente explicou porque nos havia sido recomendado que trouxéssemos trajes para ocasiões formais para Hogwarts. Aquele ano, como tradição do torneio Tribruxo, haveria o Baile de Inverno.

Meu coração acelerou quando me dei conta de que precisaria de um par para o baile e nessa hora eu só conseguia pensar em William Conway, o garoto que papai havia cumprimentado no Beco Diagonal. Ele era do 4º ano, e sua casa era Corvinal. Só precisava saber onde encontrá-lo sozinho para conversarmos.

Eu ia em direção à sala comunal da Grifinória, depois que fomos dispensados pela professora McGonagall, quando me dei conta de que não seria muito difícil descobrir os horários dos alunos do 4º ano afinal Harry, Rony e Hermione estavam nesse mesmo período. Mas para quem eu perguntaria? Hermione iria querer saber o motivo do meu repentino interesse. Harry estava ocupado tentando decifrar a mensagem que havia no ovo dourado para ter uma dica sobre a segunda tarefa do torneio. Restou-me Rony que eu encontrei, por sorte sozinho, ao entrar na sala comunal.

- Rony! - chamei.

Depois que consegui a informação que precisava, tudo o que tinha que fazer era esperá-lo na saída da sala e quando ele estivesse sozinho, puxar algum assunto. Afinal, não podia chegar, me apresentar e convidá-lo para o baile. Pelo que Rony havia dito, os alunos do 4º ano da Corvinal deveriam estar saindo da aula de transfiguração, mas eu não podia ficar simplesmente parada ao lado da porta. Resolvi esperar na extremidade do corredor que dava acesso à sala. Não demorou muito os alunos começaram a sair.

Eu fiquei apreensiva que William passasse sem me ver, mas quando a quantidade de alunos começou a diminuir e eu o vi parado ao lado da porta. Ainda mais bonito do estava no Beco Diagonal, se é que isso era possível.

- E agora? O que faria? Como puxar assunto? Sobre o que falar? - comecei a andar em direção à sala. Minhas mãos estavam geladas, meu coração acelerando. - Eu estava chegando perto dele e tudo o que eu conseguia pensar era "Oi, tudo bem? Lembra de mim? Do Beco Diagonal?" - claro que ele não ia lembrar, nem tinha me visto...

- Vamos Bill? - uma voz feminina interrompeu meus pensamentos.

Eu estava tão entretida com o que eu iria fazer que nem percebi o motivo pelo qual ele havia ficado parado por todo esse tempo ao lado da porta. Ele esperava uma garota, possivelmente uma namorada, porque agora eles estavam se beijando. Aquilo foi estranho de ver, me senti mal. Mesmo não o conhecendo, me senti estranha. Não conseguiria explicar o que eu estava sentindo.

Abaixei a cabeça quando cruzei com eles e saí do castelo. Acabei indo para debaixo da mesma árvore à beira do lago onde eu havia estado algumas semanas atrás, mas desejei que dessa vez ninguém me encontrasse, porque eu não conseguia conter as lágrimas que caíam abundantemente pelo meu rosto.

*
Perdi a noção do tempo. Não sabia quantas horas haviam se passado desde que eu via o lago negro como um grande borrão até agora quando as lágrimas não atrapalhavam mais minha visão. Não conseguia entender porque me sentia daquele jeito. Nem o conhecia direito. Como aquilo podia me machucar? Eu teria me apaixonado? Mas só o vi uma vez... Não me sentia tão confusa assim desde quando descobri que Remus é meu pai, um lobisomem e que eu, ele e minha mãe somos bruxos.

O farfalhar de folhas chamou minha atenção. Havia alguém se aproximando. Mais de uma pessoa na verdade. Eu limpei o rosto nas mangas do meu uniforme e me coloquei sobre os meus joelhos e mãos para poder espiar sem ser notada. Engatinhei um pouco e estiquei o pescoço por trás de uma das árvores. Um grupo de 3 garotos e uma menina, provavelmente do 4º ano ou mais velhos, estavam em volta de um menino menor que havia tropeçado e tinha caído sentado no chão. Os três garotos o ameaçavam com suas varinhas. Eles pareciam bravos, mas estavam rindo.

- Ponha-se no seu lugar, pirralho! - gritou um deles. - Quem você pensa que é? Agora você vai aprender a nunca mais importunar bruxos superiores!

Ele ergueu a varinha. Ia enfeitiçar o garoto que parecia assustado demais para revidar ou correr. Eu não podia deixar aquilo acontecer. Peguei minha varinha e saí detrás da árvore.

- Expelliarmus! - gritei.

A varinha do garoto voou alguns metros.

- Mas que droga é essa?! - o garoto ficou anda mais bravo. - A revolta da pirralhada?!

- Se vocês não derem o fora daqui agora eu vou denunciar vocês à professora McGonagall! - falei. Eu estava com medo, mas segurava minha varinha com firmeza.

- Melhor deixar pra lá, Eric - falou a garota devolvendo a varinha a ele enquanto o puxava pela mão.

- Considere hoje o seu dia de sorte - ele apontou a varinha na direção do garoto. - Oppugno - pronunciou enfeitiçando algumas folhas que voaram para cima de nós. Depois o grupo se virou e foi embora.

Eu estiquei a mão para o garoto.

- Grifinória - disse ele deduzindo pelo meu uniforme, eu concluí.

- Lufa-Lufa - eu falei seguindo o mesmo raciocínio quando ele já estava de pé à minha frente e sem tantas folhas pelo corpo.

Nós olhamos para o grupo que já estava longe - Sonserina. - Falamos juntos sorrindo.

Os alunos de Hogwarts não passavam o tempo todo brigando ou reafirmando qual casa era a melhor, mas eu não podia negar que havia sim uma pequena rivalidade e que infelizmente alguns levavam aquilo para o lado mais fanático e agressivo.

- O que você fez pra deixar eles tão bravos? - perguntei enquanto me livrava das folhas que haviam ficado grudadas no meu uniforme. Percebi que éramos praticamente do mesmo tamanho.

- Sabe aquela garota que estava com eles? - o garoto também checava o uniforme para se livrar das folhas. - Convidei ela para o baile.

Eu parei de me limpar e olhei para ele.

- De que ano você... eles...?

- Eu estou no segundo, eles são do quinto ano.

Não consegui segurar o riso. Por sorte ele não se ofendeu, e começou a rir também e logo nós dois estávamos às gargalhadas. Acho que, tirando a parte de ser perseguido e ameaçado, minha tentativa de convidar William Conway para o baile não teria um desfecho muito diferente.

- Em que ano você está? - perguntou.

- Segundo também - respondi.

Ele esticou o braço e retirou uma folha que tinha ficado presa no meu cabelo. Eu acompanhei o movimento da mão dele com os olhos.

- Você já tem companhia pro baile? - perguntou o menino ficando muito sem graça.

- Não - eu respondi.

- Você aceitaria...

- Sim - respondi antes que ele terminasse de perguntar.

Tinha dúvidas que outra pessoa fosse me convidar e quis aceitar antes que eu parasse para refletir sobre o convite. Eu sorri. Ele sorriu de volta

- A propósito meu nome é Lana, - informei. - Lana Lupin.

- O meu é Jimmy Wright - disse sorrindo. - Espera aí - ele olhou para mim surpreso. - Você é parente do professor Lupin?

- Sou filha dele.

- Fantástico! Ele é um ótimo professor! As aulas dele foram completamente fascinantes!

Aparentemente meu pai tinha mais um fã além de mim. Voltamos animados para dentro do castelo e passamos o resto da tarde comentando sobre as aulas ministradas por papai.

***
E assim nasceu uma amizade. Não foi um trasgo, mas o perigo estava presente.

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