The Gun Shot Theory (Séries 'Foreign' #2)

I - Maior Mentirosa

Dedicado a LittleChocolateGirl 🍳

- Explica-me - suspirei ao falar, tentando suster um rolar de olhos. - Como é que raio é que te metes em confusões tão facilmente?

Dean, o meu melhor amigo, olhou para o chão, já com um tom rosado nas bochechas a formar-se. Do meu lado, Lola abanava a cabeça como se não acreditasse em Dean, o que eu compreenderia perfeitamente. Estávamos no meio do corredor dos laboratórios. Supostamente, Drake Miller (que eu não fazia ideia de quem era) tinha ameaçado de morte Dean. Claro que uma pessoa no seu estado normal de cérebro acharia a ameaça dele algo cómico, mas Dean levara a sério e estava cheio de medo.

- O que é que tu fizeste para o provocar? - Cruzei os braços diante do meu peito, com uma sobrancelha erguida. Lola, apesar de calada e quieta, parecia atenta à conversa.

- Talvez tenha trocado sem querer os tabuleiros na cantina... - Coçou o pescoço, envergonhado.

Derrubei a minha cabeça no cacifo com força, fazendo um barulho alto, logo fechando os olhos. Dean era sem dúvida inacreditável. Permaneci lá até ouvir Lola se rir baixinho, definitivamente divertida.

- Por isso é que não almoço na cantina - afirmou, logo largando mais uma risada sacudida. Ao ouvir a afirmação parva desta, recompus-me direita para olhar novamente para Dean. Fiz com que os meus olhos demonstrassem quase fúria. Este, de alguma maneira, sempre se conseguia intrometer em algum problema, é ser sempre a vítima que era contra violência.

- Tu és impressionante - admiti, esfregando a testa com os meus dedos. - O que é que queres que eu faça agora? - Queria lhe perguntar mais, com puro sarcasmo, mas não o fiz, devido à minha paciência, já escassa.

Engoliu em seco, abrindo mais os olhos num olhar de desespero puro. Logo se chegou a mim, pegando nos meus braços, um pouco agressivamente e com força.

- Eu preciso que fales com ele para não me matar. - Sorriu-me forçadamente, um sorriso completamente incerto.

Arregalei os olhos ao ouvir aquilo. Não pude acreditar que Dean acreditaria em tanta merda junta. Afastei Dean de mim, empurrando-o com força para fora de mim, irritada. A minha mão foi de encontro à minha cara, formando um so de estalo quando se tocaram.

- Ele estava a brincar contigo, ele não te vai dar um tiro. - Obriguei a minha cabeça estar virada contra o teto, mesmo que tivesse os olhos fechados, não acreditando que o rapaz da minha frente estava a pensar que seria vítima de homicídio de noite por um jovem que andava no liceu.

- Eu não vou conseguir dormir se não falares com ele. - Agarrou-me nas mãos, freneticamente. Este estava exaltado, era claro que ele acreditava que o rapaz lhe iria dar um tiro de noite e nunca seria apanhado. Puro exagero.

- Está bem - falei, impaciente, ao expirar para o lado. Logo encarei de novo os olhos castanhos de Dean. - Onde está ele?

Apesar do medo, um sorriso honesto quebrou-se nos seus lábios ao perceber que eu tinha aceitado. Logo largou as minhas mãos para falar.

- Anda. - Agarrou-me nos braços de seguida, obrigando-me a andar com ele em passos largos. Do nosso lado, Lola seguia-nos interessada em saber o que iria acontecer.

No nosso pequeno grupo, eu era a corajosa. Dean era um rapaz calado, mas usualmente era o mais racional daqui, não mencionando o seu segredo do seu amor à música clássica. Lola era a inteligente que gostava de bonecos animes, como lhes chamava. Eu preferia uma vida mais comum. Era apaixonada por moda, e sempre que podia, ajudava a minha mãe na sua loja de roupa no centro-comercial.