XXIX - Dia das Mentiras

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- Não acredito... - murmurei para mim mesma, frustrada.

Estava sentada em um dos bancos verdes de uma rua, cuja ponta do passeio rodeado por relva possuía um restaurante no qual era suposto eu e Lola jantarmos juntas. Todavia, Lola não se encontrava onde tínhamos combinado. Não havia maneira de eu ir jantar sozinha ao restaurante.

Ainda com o meu telemóvel na mão, andei até à entrada do restaurante. Estava com um casaco castanho claro com pelo branco por dentro, bastante quente. Pensei em o tirar, mas deduzi que a minha camisola branca, fina, com parte renda, não me manteria numa temperatura fiável. Mesmo com as minhas botas de saltos-altos pretas, inclinei a cabeça para cima, tentando ver se Lola se encontrava à minha espera, sentada numa das mesas do restaurante: mas não. Não havia nenhum sinal de vida de Lola.

Ia-me virar para trás e eventualmente telefonar aos meus pais, mas uma voz fez-me parar e olhar para o lado.

- Tu aqui? - Ao olhar bruscamente para o meu lado esquerdo, deparei-me com um Drake confuso, num olhar suspicioso. Estava em transe ao olhar para o mesmo, perplexa. Os seus olhos verdes claros, com a luz amarela do restaurante, pareciam da cor de esmeralda. - Estás aqui a fazer o quê?

Pisquei os olhos, saindo do transe. Tentei não perder a minha compostura, apesar de pensar que era tarde demais. Endireitei as costas e olhei de cima abaixo Drake.

- Eu é que te podia perguntar isso.

- Estou na recepção de um restaurante: o que é que achas que estou aqui a fazer? - Revirou os olhos. - Aliás, não respondas a isso. Mais vale te dizer que estou cá para jantar.

- Sozinho? - Tentei ignorar o facto de me ter chamado burra.

- Era suposto estar aqui Walter, mas ainda não veio. - Olhou para as horas no seu relógio. - O Príncipe Encantado disse que era suposto estar aqui às oito horas em ponto.

Semi-cerrei os olhos a Drake. A minha história era demasiado semelhante à de Drake. Lola não me atendia o telemóvel, e parecia que Drake também não sabia onde Walter estava, mas não se dava ao trabalho de lhe ligar.

- Eles combinaram isto tudo - concluí em voz alta. Quando olhei para a expressão enigmática de Drake, refiz as minhas palavras, pigarreando. - Aconteceu-me o mesmo com Lola. Há já um tempo que eles andam a tentar... - Não pude terminar a frase, mas logo me afastei um passo mais de Drake, descomfortável,

Não tenho a certeza se ela tenha entendido ou não o que eu disse, mas ainda ao olhar para mim, pareceu pensativo. Quando algo clicou dentro da sua mente, retirou o seu telemóvel, mas não o desbloqueou.

- É dia das mentiras. 1 de Abril. - Drake revirou os olhos de novo, empurrando o seu telemóvel novamente para o bolso das calças, guardando-o.

Suspirei, fechando os olhos momentaneamente. Lola era, sem dúvida, uma sem noção. Esperava uma coisa destas de Walter, mas não de Lola, uma jovem realista e nada rebelde. Não tinha a certeza se era uma fase dela, ou a sua personalidade a ser moldada.

Drake não me dirigiu a palavra, mas deduzi que fosse dar meia volta e voltar para casa, mas admito que fiquei chocada quando olhou para o recepcionista e disse:

- Mesa para um, por favor.

Arregalei os olhos. E eu?! queria gritar, mas em vez disso, plastifiquei um sorriso falso na direção do recepcionista, que olhou para mim e Drake, tentando formar uma relação entre ambos. Quando não viu nada, respondeu:

The Gun Shot Theory (Séries 'Foreign' #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora