XIII - Conversa Depilatória

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Mal editado.

Questiono-me se o sol se tinha aberto no meio das nuvens devido à minha partida.

Estava a colocar os meus pertences em cima da minha cama de cobertor cor-de-rosa bebé, tal e qual como o de Lola.

Estava em Victoria, na British Columbia localizada no Canadá. Cerca de um mês tinha passado desde o jantar na casa de Lola. Walter encontrava-se casualmente connosco por vezes, arrastando Drake a socializar com todos.

Talvez tenham sido os comportamentos de Caleb que me levaram a pensar o seguinte: estava estranho. As pequenas coisas que lhe pareciam casuais eram assustadoras para mim. Colocar o seu braço por cima dos meus ombros, beijar-me por vezes a cabeça, apertar-me contra si.

Acho que nem a jovem mais ingénua à face da Terra não entenderia que algo se passava entre nós.

- E ainda me dizes que ele não gosta de ti - Lola riu-se, puxando com um dedo indicador os seus óculos de volta ao cimo do nariz.

- Será assim tão mau dizer que concordo contigo? - Abanou a cabeça à minha pergunta, com um sorriso de lado. Suspirei, pronta a desabafar. - Não sei... - Comecei a brincar com os meus pertences, ao falar. - Eu não gosto dele, quero dizer, gosto mas como amigo. - Encolhi os ombros. - Acho que o estou a fazer acreditar que algo entre nós pode acontecer, mas... não. - Abanei a cabeça com o pensamento. Eu e Caleb? Estava completamente fora de questão.

- Ele deve tentar algo contigo - Lola falou, casualmente, ao endireitar uma das suas camisolas em cima da cama. Virei-me bruscamente na direção desta, com uma sobrancelha arqueada. - Tu sabes... Estamos longe de casa, num país diferente, etc. Além disso, não estão a mais de um corredor de distância.

- Foda-se. - A minha mão chocou contra a minha cara de apercebimento. - Mentira, eu estou a um raio de uma parede dele. Sabias que ele está no quarto ao lado?

Parecia, subitamente, que as peças tinham-se juntado todas formando finalmente uma conclusão. Lola e Dean tinham-se apercebido antes de mim dos sentimentos de Caleb a partir dos seus comportamentos. Por mim, era finalmente mais que óbvio que este, de alguma forma, se aproximar-se de mim mais que o normal. O facto deste me incentivar a ficar com aquela mesma camisola, questionar-me variadas vezes sobre a temática de irmos sair juntos, etc. Tudo parecia agora fazer sentido. Não tinha a certeza se ter ficado alojado no quarto ao lado do meu não passasse de uma mera coincidência. Mas se assim fosse, o destino queria-me ver com aquele jovem.

Entre tanto, Lola abanou a cabeça, negando. Formou logo um sorriso de lado, matreiro.

- O que é que eu te disse?

Quase tive um ataque quando bateram à porta. Poucos vieram na viagem. Não era muito caro, mas muitos pais tinham desistido por medo do que podia acontecer no Canadá, etc. Tinha-mos, literalmente, um piso só para alunos. Os professores, para terem mais privacidade, tinham ficado alojados no piso acima do nosso.

Escondi-me na casa de banho, a pensar que seria Caleb à porta a perguntar por mim. Eu não estava com medo dele, nem perto disso. Só não queria sair sozinha com ele, ou algo do género.

Mas para a minha felicidade, era Walter com um Drake escondido atrás de si.

- Oh, são só vocês - suspirei ao falar, aliviada, ignorando o risinho irritante de Lola.

- Julgavas que era o bicho-papão? - Encolhi os ombros ao ouvir a voz provocativa de Drake.

- Algo parecido - Lola respondeu, deixando-os passar. Eu não respondi, estava sem paciência para aturar as atitudes bizarras de Drake.

The Gun Shot Theory (Séries 'Foreign' #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora