- Eu ouvi bem? - Dei passos lentos na direção de Drake, com um sorriso de lado. Era mais que óbvia a minha provocação. O meu peito subiu drasticamente, confiante.
- Só te sentas se quiseres - respondeu abruptamente, observando os meus passos lentos na direção do rochedo onde este estava semi-deitado. Drake estava agora com um olhar mortífero ao reparar nos meus lábios que exibiam um sorriso cúmplice.
- Eu sei. Só estou chocada por quereres a minha presença.
- Não a quero - a sua resposta foi instantânea, e eu ignorei-a.
- És sempre muito frio para mim, só isso. - Encolhi os ombros, fazendo um som de satisfação quando relaxei no rochedo ao seu lado. Não me atrevi a tocar nele, com medo de o afastar de mim. Não pude deixar de olhar para os seus olhos verdes claros, que com a sua reflexão na água, pareciam verdes escuros. - Que aconteceu?
- Eu só queria falar. - Encolheu os ombros de volta, afastando-se um pouco de mim. Não entendia Drake. Momentos antes, declarara que quando eu falava muito, era irritante. Naquele momento, teria-me dito que queria falar. Drake era uma pessoa que facilmente mudava de feitio. Decidi ignorar a sua lógica. Estava interessada em saber do que Drake havia de querer falar.
- Tudo bem. - Parei para o deixar falar, no entanto, este permaneceu numa pausa a que ele não me pareceu responder, continuei a falar enquanto andava na sua direção. - Querias falar sobre o quê?
- Sobre a minha mãe - admitiu, olhando-me de relance pelo canto do olho. - Nunca a conheci. A minha mãe verdadeira, não a Dina. - Coçou o queixo, parcialmente nervoso.
Inclinei a cabeça para o lado, enigmática.
- Do que estás a falar? A tua mãe é aquela que te criou. - Não tinha a certeza qual seria o seu propósito de me dar aquelas informações sobre a própria mãe, ou um pedaço da sua perspectiva, mas também não lhe ia perguntar, com medo de este se aperceber que não faz sentido.
- Pára. - Rolou os olhos, deitando-se para trás, mas não completamente. Os seus ante-braços estavam a fazer força contra a rocha que usava como chão, enquanto permanecia a mirar a paisagem em sua frente. - Ambos sabemos que ela não é a minha verdadeira mãe. Quero saber o que lhe aconteceu para não poder cuidar de mim. Se me deixou por dificuldades financeiras, ou não queria cuidar de mim. Talvez tenha morrido. Não sei, já pensei em tudo.
Fiz uma cara de pura repulsa, ao olhar para o meu lado vazio. Não pude controlar a quantidade de ar que encheu o meu peito. Será que Drake era alguém egoísta? Sem margem de dúvidas que sim. Eu não deixei a minha opinião para dentro, falei instantaneamente.
- És nojento. - Já tinha insultado Drake antes, mas não desta forma. Não num momento de confessas. Talvez tenha ido demasiado longe, mas eu não lhe podia mentir no meu ponto de vista. - Arrogante e egoísta. Falas na hipocrisia da sociedade, mas és parte de nós. O humano é todo igual - tu és igual a eles. Não podes parar um segundo e pensar no que raio a tua mãe fez por ti. Tens de pensar numa pessoa que nunca conheceste e deixar a tua mãe verdadeira de lado: aquela que tudo fez para te agradar, a que te criou como sangue. - Abanei a cabeça. Drake olhava para mim, numa expressão neutra. Não era de magoado, só me ouvia, mesmo.
Na maior parte dos momentos, queria que Drake conversasse comigo e me desse parte da sua mente, mas naquele momento, em que era ele que mais precisava de falar e desabafar, não era capaz de o deixar falar. Estava demasiado consumida na raiva.
- Tiveste a sorte de ser adotado quando ainda eras novo: muitos nascem e crescem sozinhos. A questionarem-se o que raio estão a fazer da vida. Precisam de alguém que os guiem. Um adulto para os exemplar e orientar. Tiveste a sorte de alguns, mas mesmo assim, achas pouco. - Não o pude olhar nos olhos mais, com medo da reação dele. Nunca pensei que teria esta conversa com Drake. - Não mereces o que tens, Drake. Não mereces mesmo. Pára um momento e olha em tua volta. Estás no Canadá numa visita da escola. Julgas que todos podemos ter essa sorte? - Pausei, molhando os lábios e lutando a minha língua com as bochechas, completamente nervosa. - Não devias ter sido tu a ser adotado, devia ter sido outra criança que soubesse se alegrar com o que tem.
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The Gun Shot Theory (Séries 'Foreign' #2)
RomanceDrake é arrogante, mal-humorado, que tem o hábito de ameaçar pessoas com tiros (apesar de ser tudo uma façada para não socializar). Ao contrário dele, Victoria, Vic, é uma aluna comum, de notas médias, comunicativa, com o sonho de ter um bom futuro...