O Quarto de Frank

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Gerard se apressou para não se atrasar para o encontro com o namorado. Ele estava tão ansioso que estava começando a ficar com medo do que estava sentindo. Durante o banho ele se perguntou diversas vezes se ele não estava indo muito rápido, mas sem achar uma resposta satisfatória, achou melhor simplesmente deixar acontecer, sem se preocupar muito com o que aquilo pareceria a alguém de fora. O que lhe importava naquele momento era o fato de que ele estava mesmo muito ansioso para ver Frank em seu quarto, deitado em sua cama e completamente nu, de preferência.

Finalmente Gerard achou que era hora de sair de casa. De acordo com seus cálculos, ele chegaria à casa de Frank no horário certo, oito em ponto, se saísse de casa àquela hora. Antes de sair pela porta da frente, seu pai o impediu para lhe cobrar alguma satisfação - fato que causou espanto em Gerard.

-Aonde você vai a essa hora?

-Na casa do meu amigo.

-Aquele de cabelo comprido? - ele se referia a Bert.

-Não. Vou na casa de outro amigo. Ele é membro da banda.

-Ah! E como vai a banda?

Gerard realmente não estava entendendo o que o pai queria com aquelas perguntas, já que ele não tinha o costume de perguntar tanto da vida dos filhos. Gerard já estava na porta, com a mão na maçaneta, demonstrando a impaciência nas pernas, como quem está muito apertado.

-Onde o senhor quer chegar, pai? - Gerard cortou a conversa.

-Como assim?

-Posso ir embora?

-Olha só! - o pai de Gerard se aproximou do filho e colocou a mão sobre o ombro dele. Foi então que Gerard percebeu pelo hálito de uísque, que o seu pai estava bêbado. - Eu sou seu pai, entende? Eu sei que não sou o melhor, mas quero que não se esqueça de que tem um pai. Eu sou seu pai.

Gerard quase se sentiu emocionado. Parando para pensar nas palavras confusas do pai, ele percebeu que o que ele estava mesmo querendo dizer era que estava se sentindo triste e o motivo não era só um.

Gerard então largou a maçaneta e abraçou o pai.

-Você não despreza seu pai, não é? - o homem bêbado questionou, ainda nos braços do filho.

-Eu te amo, pai.

-O papai também te ama - foi a resposta e o abraço acabou. - Vai ver seu amigo.

Gerard, por talvez cinco segundos, havia se esquecido aonde estava indo. Vendo o pai arrastando os pés para a sala de estar, ele se perguntou de onde havia tirado aquele sentimento forte e sincero suficiente para dizer que amava o pai ausente justo naquela situação esquisita. Provavelmente, porém, aquilo tivesse a ver com o turbilhão de sentimentos bons e empolgantes que estava sentindo ultimamente por causa de Frank.

Quando finalmente saiu de casa, ele temeu chegar atrasado na casa de Frank e tudo dar errado. Porém pensou melhor enquanto andava até lá e viu que talvez chegar um pouco atrasado seria perfeito, pois deixaria Frank um pouco mais ansioso.

E ele de fato estava. Em seu quarto, Frank olhava para o relógio a cada meio minuto e quando o relógio passou das 8:05 da noite, ele resolveu ligar para o outro. Mas não seria necessário, porque antes mesmo de telefonar, a campainha tocou. Frank largou o telefone na cama e saiu quase correndo para atender a porta com um sorriso bobo e infantil no rosto.

-Oi! - foi o que ele disse assim que abriu a porta, mas já não mantinha o sorriso. Foi uma saudação ridícula, mas a culpa não foi dele, foi apenas um reflexo da decepção que sentiu quando viu que quem estava à porta não era seu namorado, mas seu amigo Ray.

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