De Volta

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Mais um dia nasceu e Frank acordou com dor de cabeça, mas conseguia se lembrar de tudo que ocorrera na noite anterior. Logo, ele sabia como havia ido parar na cama do namorado e também sabia que tudo estava bem, as coisas ruins haviam passado como um pesadelo. Então aproveitando sua felicidade empolgante e sua ereção matinal, ele resolveu acordar o namorado com beijos e lambidas da boca ao peito.
Gerard também acordou feliz, recebendo aqueles beijos sempre muito doces que só o namorado tinha. Tais beijos doces se transformaram em lambidas e chupões mais salgados. Os gemidos eram constantes, mas Gerard fazia questão de dizer que amava Frank, enquanto este lhe penetrava com carinho e apertava seu traseiro com as duas mãos. A resposta de Frank veio quando ele explodiu ao mesmo tempo que o namorado. Olhando nos olhos do outro, ele disse:
-Eu te amo, Sugar!

Depois do café da manhã, os dois voltaram para o quarto de Gerard, mas conversaram mais do que qualquer outra coisa. Conversaram por horas.
-Você tem que ligar pra sua mãe - Gerard falou, quando eles tocaram no assunto da saída de Frank da casa dos pais.
-Eu vou ligar - Frank fez uma pausa. - Sabe, Ge? Não triste ou zangado com essa situação, sabe? Falei isso pra Ray ontem. Eu me sinto livre. A única coisa que tava me afligindo mesmo foi o fato de você com raiva de mim.
-Já passou.
Um beijo aconteceu.
Mikey bateu na porta do quarto do irmão antes das 13h, dizendo que Bob estava chegando à garagem. E todos os membros da banda se reuniram logo depois do almoço.
Gerard estava de pé, apoiando as duas mãos num pedestal, Mikey estava no chão, Ray sentou-se ao lado de Frank com sua guitarra, para ouvirem juntos Bob falar de trás da bateria como um líder da banda.
-Quero gravar nosso primeiro álbum.
-Eu também quero - Mikey riu, pois aquele comentário lhe pareceu tão óbvio que soou ridículo. - Acho que todo mundo quer.
-Ótimo! Porque vamos fazer isso - Bob parecia sempre estar com raiva de alguma coisa, era a expressão natural do seu rosto.
-Como assim? Você quer dizer alguma coisa? - Ray procurava por alguma informação mais específica.
-Acho que esse dinheiro do show pode nos ajudar. Não é muito, obviamente, mas considerando os nossos próximos shows também. Temos hoje dinheiro pra voltar ao estúdio e começar a produzir algumas coisas.
-Você recebeu alguma notícia do James ou do senhor White? - Ray se referia aos produtores que Bob tinha contato e para quais havia mandado as demos gravadas da banda.
-Ainda não - foi o que Bob respondeu. - E é por isso que acho que a gente pode e deve começar sozinho mesmo.
-Por mim, tudo bem - Gerard concordou.
Os outros também concordaram e aprofundaram a conversa sobre uma auto-produção. Gerard tinha sempre grandes ideias e Ray tinha muito talento. Mikey se empolgava visivelmente e sugeriu aos amigos concretizar e expandir a ideia de composição do irmão, que geralmente escrevia músicas que contavam histórias arrasadoras.
-Seria o álbum contando uma história então, como se cada música fosse um capítulo - Mikey explicava.
-começando a achar isso tudo muito Emo - Bob comentou.
Todos olharam torto para ele, talvez Ray concordasse um pouco já que acabou sorrindo, mas ele disse:
-A gente não é Emo, não vai ficar Emo no final. Vai ficar bem mais punk.
Bob se sentiu mais aliviado e mesmo quando Gerard começou a falar de vampiros e amantes perdidos, ele estava tão empolgado com o fato de estar prestes a lançar sua música, que já estava pouco ligando para como os críticos iriam rotula-los. O importante era fazer algo extraordinário.
-E faremos - Frank disse.
Porém a semana seguinte chegou depressa e nada havia mudado ou avançado. Eles não tinham música nova, não tinham um produtor, um horário marcado no estúdio, nada. Por isso, Gerard, pessimista, decidiu passar um dia inteiro em casa, no quarto, sem ver ninguém. Ele disse que precisava descansar de tudo, porque estava cansado de não conseguir o que queria e odiava quando todos lhe incentivavam e lhe faziam criar altas esperanças e expectativas, somente para que ele se decepcionasse consigo mesmo logo em seguida.
Foi isso que ele explicou a Mikey, que repassou para Frank quando este tentou entrar no quarto do namorado naquele dia.

Neste mesmo dia estranho, Frank recebeu um telefonema da mãe, lhe pedindo pra voltar para casa.
-Seu pai não está mais bravo - ela disse.
-Não sei mãe - ele disse ao sair da casa de Gerard, após tentar falar com o namorado, sem sucesso. - Não quero chegar aí pra brigar e tentar convencer papai de que eu sou normal, ele que não vê.
-Não acho que ele vá brigar. Ele também com saudades de você, filho.
-Ele precisa mudar, mãe...
-Se você quer que ele mude, você não vai conseguir isso de longe - a mãe fez uma pausa. - Por favor, filho, volta pra casa.
Frank não disse que voltaria, apesar de querer muito. Por isso então, também não disse que não voltaria para casa.
Ao desligar o telefone, ele seguiu para a casa de Ray. Ao lado do grande amigo, ele procurou por respostas, conselhos firmes e apoio. Ray então deu sua opinião: que não se importava em ter o amigo dormindo em seu quarto, achava até mais produtivo e fácil nas horas que a inspiração chegava e eles se sentavam para tocar ou compor, sem precisar ir à garagem da banda. Entretanto, Ray disse ao amigo que sabia que não estava tudo bem, e que Frank precisava resolver tal problema.
-Eles são seus pais - Ray tentou finalizar. - E apesar de a discussão ter chegado a esse ponto, seu pai não é assim tão duro, não é um dos piores.
-Meu pai é bem do mau, às vezes - Frank respondeu.
-E o pai do Quinn? - Ray contra-argumentou.
Frank se deixou rir, não só aceitando o comentário do amigo, mas também considerando seu concelho:
-Volta pra casa, Frank.

Eram quase dez horas da noite, quando Frank chegou na sua casa, com sua mochila nas costas. Ele entrou e logo seguiu até seu quarto, naturalmente como faria dois dias atrás, antes de seu pai descobrir que ele era gay. Porém não entrou no seu quarto sem se deparar com seu pai, parado, no corredor, na entrada da varanda.
-Você voltou! - o pai disse.
Frank só balançou a cabeça afirmando, pressionando os lábios e abrindo bem os olhos. Foi uma expressão engraçada que ele fez para tentar quebrar o clima tenso sem ter que sorrir.
O pai de Frank se esforçou para falar alguma coisa, mas só gemeu e gaguejou algumas sílabas sem sentido.
-Desculpa - Frank resolveu se render primeiro, então. - Desculpa se não sou o filho que você queria ter.
-Você é o filho que eu sempre quis ter. Me perdoe por nem sempre conseguir ver isso. Desculpe se eu te imponho minhas vontades às vezes, mas é somente porque eu quero sempre o melhor pra você, filho.
-Eu sei pai.
Frank permanecia com a mão na maçaneta da porta do quarto e o pai, parado a três metros dele.
Um silêncio incomodou os dois homens da casa, mas a mãe de Frank que ouvia tudo do pé da escada, já estava satisfeita com os pedidos de desculpas e as entregas que cada um fez. Ela sabia que um abraço não aconteceria naquela noite.
-Você jantou, Frank? - ela gritou lá de baixo.
-Não - ele se virou para responder num alto tom.
-Vá tomar um banho e desça pra comer - o pai saiu de seu lugar e desceu as escadas.
Frank finalmente se sentiu aliviado. E entrou no quarto sorrindo.

Aw, SugarOnde histórias criam vida. Descubra agora