Rum, Cerveja Preta e Vinho

308 35 4
                                    

No começo do dia seguinte, o pai de Frank veio a ele para lhe dar uma notícia, à mesa diante do café da manhã.

-Arranjei um emprego pra você - foi o que ele disse, com seriedade e tranquilamente.

-Ah é? - Frank tentou não debochar das palavras do pai, mas inevitavelmente foi assim que soou quando riu ao falar.

-Sim! - o pai estava sério. - Você irá trabalhar na fábrica que seu tio trabalha. Ele conseguiu uma entrevista pra você hoje, daqui a duas horas. Mas o emprego já é certo.

-Eu não vou, pai - Frank falou com seriedade desta vez, mas nunca em tom de afronta.

-Como não? Por que não?

-Porque eu não quero trabalhar em uma fábrica! Quero viver do que eu gosto - antes que o pai começasse a contra-argumentar, Frank se apressou nas palavras, não dando espaço aos pensamentos preconceituosos do pai antes mesmo de ele terminar de falar. - O senhor vive do que gosta! O senhor ama ser o que é! E eu também quero isso, pai. Sendo que eu não quero ser médico, ou arquiteto, ou advogado, muito menos ser operador de máquinas. Eu quero ser compositor, guitarrista. Quero num palco gigante, na frente de um público gigante que ali só porque pensa como eu penso e sente o que eu sinto, e por isso vão cantar, pular e gritar comigo. Isso que é rock pra mim. Isso que a banda é pra mim, pai! Eu quero ser o que eu quero ser, assim como o senhor.

-Frank, essa vida de músico não é fácil... - o pai começou.

-Eu sei, pai. Só peço que tenha um pouco mais de paciência. Um pouco de fé em mim. Por favor.
O celular de Frank tocou. Ele não atendeu de imediato, apenas olhou para ver quem era - Bob - e levantou-se da mesa, beijou a cabeça do pai e se foi.

O pai de Frank ficou extasiado na mesa, olhando para o nada, sozinho. Já fora de casa, Frank atendeu o telefonema.

-Oi!

-Onde você ? - Bob perguntou.

-Já to saindo de casa. Você já na garagem?

-Na verdade não. Eu to indo lá no Bar do Otto, resolver umas coisas lá.

O Bar do Otto era um bar antigo que só abria à noite e só tocava rock pesado. As bandas que tocavam lá eram geralmente bandas locais que estavam começando e que só faziam tributos a outras bandas já consagradas.

-Você vai tentar conseguir algo pra a gente? - Frank se animou.

-Vou tentar sim, mas não garanto muito.

Bob tinhas suas esperanças, mas não queria iludir Frank. Ele disse que estava indo com Jeph, um outro colega em comum entre eles que também estava montando uma banda, para tentar convencer os donos do bar a deixá-los tocar algo lá em alguma noite daquelas. Seria uma ótima oportunidade para mostrar a banda e ganhar "uns trocados".

-Cara, eu quero ir com vocês! - Frank já estava muito animado.

-Não, Frank. Eu já to quase lá, porque peguei essa carona com Jeph. Mas avisa aí que eu não vou na garagem hoje por isso. Não to conseguindo falar com Ray.

-certo, então. Tenta passar lá mais tarde pra contar as novidades.

Frank seguiu seu caminho até a garagem, com os dedos cruzados, desejando, com toda força que tinha, conseguir ganhar logo dinheiro com a banda e se livrar dos discursos do pai. Porque no fundo ele tinha medo de que o pai estivesse certo sobre tudo.

Quando a porta lateral da garagem se abriu e Frank entrou, Mikey e Ray não pararam o que estavam fazendo para prestar atenção nele. Já Gerard, que estava cantarolando enquanto Ray tentava reproduzir as ideias da música nova que o amigo tinha feito na noite anterior, parou e sorriu feliz ao ver que o namorado finalmente chegara.

Aw, SugarOnde histórias criam vida. Descubra agora