Rebelle Fleur

Capítulo 2

D

O carro do Murilo começa a capotar no meio da estrada...

Freio meu carro e saio correndo de dentro dele...

Várias pessoas começam a aparecer mesmo às ruas estando deserta agora pouco. Murilo ultrapassou o sinal vermelho quando outro carro fez o mesmo acertando os dois na lateral.

Fumaça sai do carro quando grito para as pessoas os tirarem de lá... Aquele carro esta preste a explodir com os dois dentro dele, e o que eu não quero é que Lara tenha um fim que nem o dos seus pais.
Minutos aterrorizantes se passam ate conseguirmos tira-los do carro o vendo pegar fogo logo depois.

***

Estou na sala de espera do Hospital há uma hora e ninguém aparece para nos dizer como eles estão. Calebe esta avisando aos seus amigos sobre o acidente e pelo que pude ouvir todos eles estarão vindo para cá.

Meu telefone toca dentro do bolso da saia e vejo que é o senhor Eduardo,  o dono do bar no qual trabalhamos.

- O que aconteceu? Ouvi sobre o acidente com a Lara, me diga que ela está bem...

-Eu estou aguardando noticias mas ninguém diz nada nessa porcaria de lugar.

-Estou indo encontrar você.

Ele desliga.

Continuo a andar de um lado para o outro quando ele aparece. Senhor Eduardo busca mais informações e ninguém diz nada.
Ele decide buscar café para todos nós, dizendo que precisamos tirar essa cara de bêbados já que estamos em um hospital.

Os segundos, minutos e horas se passam quando as 6:30 da manhã o médico aparece.

-Parentes de Lara Miles?

Fico de pé assim que ouço o nome da minha melhor amiga.

-Somos nós.

-Você é o pai?

Pergunta ele apontando para o Senhor Eduardo.

-Não, sou um amigo e Andressa sua amiga.

-Sinto muito, mais essas noticias só podem ser dadas aos parentes mais próximos.

Diz ele.

-Mais ela não tem ninguém, apenas nós dois. Lara não tem pais.

Digo de um jeito triste.

-Sinto muito. Lara fez todos os exames e esta bem, a única coisa foi um braço quebrado. Ela poderá receber visitas em alguns instantes.

-E Murilo? O que estava com ela dentro do carro?

Vejo-o limpar a garganta antes de falar.

-Seu estado é grave... Murilo esta na sala de cirurgia por conta de uma fratura na coluna.

E sem mais informações ele se vai.

Dez minutos se passaram quando a enfermeira nos diz que Lara está pronta para receber visitas. Senhor Eduardo e eu, somos os únicos a ir visita-la, já que Calebe, Bruno e Sergio continuam na sala de espera aguardando a chegada dos pais de Murilo.

Paramos em frente ao seu quarto, quando eu giro a maçaneta vendo-a deitada na cama com o rosto machucado, um braço engessado e um olhar triste.

Caminho devagar até ela tentando controlar a emoção. Eu só pensava que eu iria perdê-la.

-Oi. Como está se sentindo?

-Com um pouco de dor.

-A enfermeira nos disse que você está medicada e logo estará dormindo e não sentirá dor, tudo bem?

Digo passando a mão nos seus cabelos longos quando ela me pergunta.

-Como ele está?

Eu não sei o que dizer a ela, olho para o senhor Eduardo em busca de ajuda, mas ele continua em silêncio ao nosso lado.

-Ainda não temos nenhuma noticia de como ele está...

Duas horas depois, saio do quarto da Lara seguindo para a sala de espera em busca de alguma noticia, mas não foi preciso perguntar a ninguém.

Ao virar o corredor...

Ouço a voz do médico informando aos seus pais.

-Infelizmente Murilo ficou paraplégico.

Lara

Assim que acordei, vi a D entrar pela no quarto com duas sacolas em mãos.

Senhor Eduardo havia me dito que ela teria ido buscar algumas roupas limpas e um pouco de café para nós três.

Noto uma tensão no quarto, mas ninguém diz nada e eu também não pergunto por medo do que poderei ouvir. Nós duas ficamos a sós enquanto ela me ajuda a tomar banho e trocar de roupa. D arruma meus cabelos em um rabo de cavalo frouxo já que meu coro cabeludo ainda dói devido eu ter batido a cabeça na hora do acidente. Tomamos café e esperamos que eu receba alta, mas não esperava sair de lá com a terrível noticia.

Estou no banco do carona enquanto a D dirige de volta para casa... Eu sei que ela está querendo conversar, mas sei também que ela respeita o meu silencio.

Assim que chegamos ao nosso apartamento vou direto para o meu quarto querendo ficar sozinha.

Deito na minha cama e tudo que faço é chorar... Chorar por ele.

A noite chega e ouço batidas na porta.

-Posso entrar?

Pergunta com uma voz doce.

-Sim.

-Eu fiz um pouco de sopa para você.

-Não estou com fome D.

-Mas você precisa se alimentar, sua ultima refeição foi hoje pela manhã. Pode tentar comer pelo menos um pouco?

Impossível dizer não para a pessoa que faz tudo por mim.

-Tudo bem.

Levanto-me da cama indo ate a cozinha.

Lembro-me que assim que vim morar com ela, D preparou essa sopa quando me senti doente... Então do nada comecei a chorar e ela se preocupou pensando que eu estava achando aquilo à coisa mais horrível, mas foi o contrario.

Todas as vezes que me sentia doente era a minha professora na escola quem cuidava de mim, porque minha mãe nunca foi uma mãe...

***

Depois de longos quatro dias, Murilo saiu da UTI indo para um quarto comum do hospital, mas levando consigo todos os tipos de equipamento necessários para mantê-lo respirando.

Meu coração se quebra em pedaços ao vê-lo deitado nessa cama e respirando com a ajuda de aparelhos.

Estou parada na porta sem conseguir me aproximar da cama, porque eu sei, que se eu me afastar daqui, eu cairei no chão por conta das minhas pernas tremulas.

Passo uma das minhas mãos sobre os meus olhos para enxugar as lágrimas que agora caem. Respiro fundo e afasto-me da porta devagar e caminho até a sua cama. Sento-me na cadeira que está ao lado e olho para o seu rosto cheio de tubo.

Procuro sua mão por baixo do lençol e a toco devagar ate que nossas mãos estejam entrelaçadas...

-Sinto muito...

Essa foi a única palavra que eu fui capaz de dizer.

Vinte minutos depois saio da sala encontrando seus pais e a D sentados nas cadeiras de frente a porta, eu os comprimento apenas com um aceno de cabeça e saio de lá,  porque eu não conseguiria dar uma só palavra de consolo sem antes deixar as lágrimas caírem dos meus olhos.