Dezoito

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Finalmente o capítulo dezoito! Novinho em Folha, e espero não ter perdido o jeito de escrever esta fic.

Dizer que chorei, é ser-se simpático grau sete. Eu praticamente berrei com o meu interior, lutei com as minhas veias, e derrubei a minha mente. Doía-me tanto a cabeça, que considerei decapitá-la. Encontrava-me de joelhos, diante o nome do meu pai, escrito em um pedaço de papel branco e rasgado. Podia parecer pouco para me causar aquele ataque, mas realmente doía-me o interior. Sentia-o ferido e eu sabia que nunca o iria sentir de outra maneira em relação a este assunto. Era delicado, e eu ainda não me sentia preparada para reagir de maneira diferente. Foram dez malditos anos, e era vergonhoso que eu ainda não conseguisse controlar as minhas emoções, pelo menos diante de Harry, e do seu amigo de cabelos castanhos e olhos azuis, que assumia não ser gay, e exegia que eu acreditasse. Não que eu não acreditasse que ele não o era, mas era engraçado vê-lo esforçar-se para que uma desconhecida acredite no contrário do que ele teve que interpretar. Mas eu acreditava.

Levei as mãos à cara e esfreguei os olhos, enquanto a minha mente corria sobre o que eu ia fazer a seguir. Talvez devesse permanecer sentada, e sozinha. Ou apenas poderia levantar-me e pedir a Harry que me levasse a casa, porque estava cansada ou algo assim. Eu estava cansada, mas psicologicamente, por isso, não seria literalmente uma mentira - certo?

Limpei as lágrimas, maior parte já secas e agarradas à minha pele, e levantei-me lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo. Deixei os meus lábios num pequeno sorriso ensaiado, e avancei até onde dois corpos masculinos estavam sentados. Sem proferir uma palavra sentei-me ao lado do rapaz de caracóis e concentrei-me no horizonte estrelado. Embora as estrelas não fossem intensas, via-se que se encontravam no céu, e de certo modo, era bastante acolhedor. Senti o meu corpo balançar suavemente, e apenas depois, percebi ser Harry o causador de tal suavidade, quando o seu ombro empurrou, sem força, o meu. Quando os nossos olhos se encontraram um pequeno curvar dos lábios acompanhou o momento, e não demorou muito para o seu sorriso aumentar de tamanho. O que, inevitavelmente, fez-me sentir bem. Harry conseguia ter esse certo poder nas minhas reações involuntárias.

"Estás pronta para ir?" Perguntou, enquanto os seus dedos prendiam agressivamente a relva por baixo dos seus pés, e a arrancavam sem piedade. Suspirei lentamente, e assenti. Não foi uma conversa tão grande como esperei, eu mais chorei do que pensei em falar. Mas eu falei. Eu falo todos os dias com o meu pai, embora saiba que possa parecer assustador, ou um pouco parvo da minha parte.

Harry não esperou que eu respondesse para se levantar e estender-me a mão, como uma oferta de ajuda. Aceitei-a, e com o impulso da mesma, levantei-me num só movimento. E que movimento. Foi completamente inesperado quando, sem me aperceber, levei a palma da minha mão direita encostar no seu peito. Os meus olhos procuraram os seus, pesquisando qualquer tipo de reação. O meu olhar era inocente, assim como o meu toque. Não havia sido propositado, e procurei saber se ele pensou que sim. Quero dizer, se fosse propositado, eu nunca me atreveria a pôr a mão no peito, mas tentaria algo menos ousado, como o ombro, ou o braço.

Suspirei de alívio silencioso, quando ele apenas sorriu docemente, e não de outra maneira, que me facilitasse a vergonha e o rubor que já haviam vencido a guerra contra a minha seriedade, e se apoderado da cor das minhas bochechas. Pensei em dizer um desculpa silencioso e rezar para que ele compreendesse, mas antes que conseguisse sequer afastar-me, Harry desviou o olhar, assim como o resto do resto, para o outro rapaz; que por conseguinte, me esqueci da presença. Presumi que ele o havia chamado, e aproveitei aquela deixa para me afastar um pouco, e endireitar a postura, recuperando a compostura.

Não falei muito com Harry depois daquilo. Talvez por estarmos desconfortáveis com a presença do seu amigo, ou mesmo por não termos nada a dizer um ao outro, naquele momento. E então, no caminho para casa, imaginei que horas seriam. Rezei incontestavelmente para que a minha avó se encontrasse no seu sexto sonho e não notasse a minha presença quando entrasse em casa.

Breathe || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora