Oito

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'Queres ir ao cinema?'

Nem queria acreditar no que os meus olhos liam.

Harry encontrava-se sentado diante de mim na mesa. O convite agarrado entre os seus dedos, as suas feições escondidas por detrás do papel.

Lisa e Ellie entreolharam-se antes de se concentrarem em nós novamente. Sorrisos espalhavam-se pelos seus rostos delicados.

Encontrava-me meio chocada pelo seu convite. 

Estávamos as três a "conversar" e a alimentar os nossos estômagos esfomeados quando Harry se aproximou lentamente agarrando este mesmo papel numa só mão enquanto o seu segundo membro se esforçava para fazer força suficiente numa só roda. 

Lisa ria-se dizendo qualquer coisa ao ouvido de Ellie o que me colocou mais nervosa ainda.

Harry convidou-me para sair. Harry convidou-me para sair? O Harry convidou-ma para sair!

O meu subconsciente gritava, e a minha mente ecoava respondendo.

Sorri-lhe envergonhada. As minhas bochechas num tom indecifrável. 

Harry retirou a folha de papel diante das suas faces, dando-me visão total dos seus traços perfeitos. Já começava a ter a noção de como ele era bonito, de como cada pormenor do seu rosto conseguia ser diferente. 

Os seus olhos emanavam um verde forte. 

Ele sorriu apanhando o meu sorriso. 

Espalhou dois papeis sobre a mesa. Nestes eu tinha duas opções.

'Sim.' 

ou, 'não.'

Antes dos meus dedos se aproximarem da resposta óbvia; Harry mostrou-me outro.

'Posso dar-te um tempo para pensares se quiseres.'

O seu rosto preocupado. Abanei a cabeça em resposta e peguei no papel importante. 

O seu sorriso abriu-se mais quando conseguiu ler a resposta. Parecia menos nervoso do que segundos antes. 

O meu rosto parecia que se ia explodir a si próprio; sentia-me tão nervosa.

"Vocês não fazem a ideia de como são fofos."  Lisa deixou escapar.

Os lábios dela agora sorriam-nos. Harry ignorou a sua afirmação dirigindo-se a mim.

"Será que podias dar-me," ele começou. Os seus olhos não encontravam os meus; não por eu não querer, mas por ele não parar de os desviar. "O teu número. Tu sabes, para combinar as coisas." Ele despachou.

O meu coração num trampolim, literalmente. 

Com o nervosismo dele acabei por ficar ainda mais envergonhada. Principalmente porque não tinha um número de telemóvel.

Mesmo assim peguei no papel diante dos meus olhos e pedi-lhe a caneta. 

Consegui apanhar um sorriso que se lhe escapou dos lábios antes de desviar a minha total atenção para o pedaço branco com rabiscos azuis, e escrevi o meu número.

Bem, o número não era bem o meu. Mas não importava.

Devolvi-lhe o papel agora não tão branco.

Este sorriu-me, os seus olhos postos no número escrito.

"Eu ligo-te," ele disse. 

Com estas palavras ele foi-se embora.

O meu subconsciente precisava de correr para casa para o meu quarto em casa de Paul e gritar mudamente sozinho.

Breathe || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora