O ar parecia cortar-me a respiração.
Será possível que nem o oxigénio consegue manter-se do meu lado?
A minha respiração era quase nula, o ar parecia esvaziar-se dos meus pulmões. Fios de cabelo entrepunham-se em frente aos meus olhos devido à ventania que se enfurecia. As lágrimas escorridas pela minha face secavam lentamente enquanto me dirigia para o audi branco estacionado em frente ao hospital.
Fechei a porta do carro comigo dentro. Mesmo não ouvindo sabia que teria batido com bastante força.
Lisa estremeceu com a batida.
"Mas que raio?" Consegui perceber que ela dizia.
Achava-me desta vez no lugar atrás do lugar do passageiro, lado a lado com Ellie que me observava com ar preocupado.
Lisa continuava a falar tanto labialmente como gestualmente, mas eu não ligava ao que esta dizia.
Como é que ele nem sequer me respondeu? Eu sei que errei, mas eu sou humana. Qual é o problema dele? Eu gostava tanto que ele me tivesse expulsado por palavras. Tudo era melhor que um expulsar silencioso e totalmente doloroso. Porque é que o silêncio dói mais que umas simples palavras? Não é justo. Não faz qualquer sentido.
Os meus olhos sentiam-se tentados a trair-me e assim o fizeram. Quando pensei não chorar mais foi quando duas lágrimas nasceram nos meus olhos, viveram nas minhas bochechas e morreram nas minhas coxas.
Senti uma pequena mão pousada no meu ombro, não olhei até esta apertar-me levemente o mesmo.
"Estás bem?" Ellie falou.
O seu olhar era terrivelmente preocupado. Conseguiu fazer-me sentir mal por não lhes ter contado o que se sucedeu após entrar dentro do carro. Parece que não aprendi a lição sobre contar mais cedo as coisas.
Encontrei-me a soluçar compulsivamente e Ellie desapertou o seu cinto para se aproximar de mim envolvendo-me nos seus pequenos braços.
Eu só não o queria perder.
Eu sabia que ele ia ficar chateado, eu sabia que ele ia ponderar olhar novamente para mim. Mas eu só tive esperanças, eu fui apenas uma vítima da esperança.
Esperanças é tão estúpido.
Reparei que o carro encontrava-se em movimento quando me afastei da figura preocupada.
Sorri para Ellie. O meu sorriso era fraco.
"Se ele não te quiser, eu ainda estou disponível." Pestanejou múltiplas vezes fazendo-me soltar um riso, por mais pequeno que seja.
Os meus lábios decidiram não se despedir do pequeno sorriso que se instalou.
Podes chorar em casa Kyra.
"Ai está um sorriso que ele tem que ver quando voltar do hospital!" Ellie falou parecendo cada vez mais alegre.
Eu na verdade só queria parecer forte. Sabia que mal chegasse a casa iria enterrar-me nos lençóis da minha cama com a almofada por cima da minha cabeça. Seria irónico se eu afirmasse que seria para não ouvir ninguém, mas era mais um sinal de 'viste a almofada por cima da minha cabeça? Perfeito, é só uma pequena volta de 180 graus, podes fechar a porta ao sair.'
"Podemos ir para casa?" Perguntei.
Eu penso que ainda tenho chocolates em casa. Se não tiveres chocolates em casa irás entrar em depressão excessiva e o chocolate só irá contribuir.
"Para casa? Tu não podes ir enfiar-te na cama a comer chocolates Kyra." Wow, todas as mulheres sabem disto ou apenas é algo comum demais?
Bolas Kyra, o que acabas-te de dizer é a mesma coisa!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Breathe || H.S
FanfictionUma rapariga surda, e um rapaz numa cadeira de rodas. O que pode correr mal? --------------- Uma história onde claramente prova ser difícil perder hábitos aos quais o coração não se quer desapegar.