Treze

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"Queríamos fazer algumas perguntas à sua filha se não se importar." A mulher disse.

O meu coração começou a bater mais forte do que antes devido à pressão. Eles queriam falar o que comigo? Eles não pensavam que eu poderia ser suspeita certo? Quero dizer, não faz sentido; eu tinha oito anos.

Anahi olhou-me preocupada antes de afirmar que sim com a cabeça.

A mulher policia incentivou-me a sentar. Eu não me queria sentar, mas também não queria ripostar contra ela pelo que me calei e sentei.

"Olá Kyra, eu sou a agente Bree Liggetts e este é o meu colega Chase Unger do departamento da policia de Berkeley Hills. Com certeza já ouviste falar da policia certo?"

Assenti. Obviamente que eu já tinha ouvido falar sobre policias, é uma das profissões mais conhecidas. 

Começo a achar que eles não me levam a sério, será que pensam que o facto de não se ter audição afetava o cérbero ou assim? Eu sei que os policias devem ir com calma para não assustar a pessoa que estão a interrogar. Mas isto era chamar-me burra indiretamente, e era mesmo ofensivo.

"Ok Kyra. E tu não te importas que te façamos perguntas?" Ela perguntou parecendo preocupada.

Percebi que ela tinha medo que eu flipasse ou assim. E até eu tinha medo disso mesmo.

Eu não percebia porque raio nos vinham interrogar depois de dez anos, eu sei que com oito anos eu não seria prestável principalmente sendo surda e muda, e essas coisas. Mas depois de dez anos? E quando eu tinha quinze anos e já me era mais fácil tudo aquilo? 

Voltei a assentir. 

"Lembras-te de tudo o que aconteceu?" 

O meu corpo ficou tenso com a sua pergunta. Eu sabia exatamente o que tinha acontecido e lembrava-me como se tivesse sido apenas à dez dias e não à dez anos. Estava tão fresco na minha memória, como se a tinta ainda estivesse a secar. Como e que podiam pensar que eu me esqueceria?

Assenti novamente.

"E o que aconteceu?"

Foi a pergunta que eu mais temi desde que estas duas almas se puseram diante de mim.

-

Acordei novamente com aquele estúpido despertador. Mais uma vez em vários anos, acordei mal humorada.

Revirei os olhos levantando-me. Fui lavar a cara e os dentes antes de lavar o meu corpo.

Vestida, e lavadinha desci as escadas. A minha mãe encontrava-se de roupão no balcão. A sua cara parecia ter sido arrancada de um filme de terror. Ri-me contra o meu pensamento.

Coloquei a mala no chão pegando a seguir numa taça para os cereais. 

"O que tens tu?" Perguntei animada. 

Não sabia porque, mas hoje apetecia-me estar animada. Só porque sim, só porque podia, e só porque eu assim o queria.

"Não se vê? É de manhã." Ela reclamou levando o seu café aos seus lábios ensonados. 

Percebi que ela não devia ter dormido nada a noite inteira, provavelmente devido ao caso reaberto sobre o meu pai. Antes que as lágrimas tivessem a oportunidade de sair pelos meus olhos eu mudei de tema.

"Pelo menos não tens que ir para a escolinha." Gesto ei sorridente.

"Não é bem uma escolinha." 

"Ensina não ensina?" Arqueei as sobrancelhas.

O meu sorriso alargou-se quando consegui sacar um riso nos lábios da minha mãe. Sorri para ela enquanto a observava rir-se. 

Breathe || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora