Cinco

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"Posso ter aquele bolo pai?" Ela pediu apontando.

Os seus pés saltavam com o pedido. 

"Claro querida." O seu pai sorriu.

Uma senhora aproximou-se de ambos com uma caixa de donuts nos braços.

"Vamos embora?" Ela disse.

A pequena olhou para o seu pai. A senhora não levava o seu bolo. O bolo que ela pediu.

"E o bolo?" Os seus olhos em suplico, os seus lábios prontos para a birra.

O seu pai olhou para ela sorrindo. "Não te preocupes que iremos levá-lo para casa."

As suas feições rebentaram de alegria. Iria ter um bolo da minie, mesmo aquele que ela queria.

A senhora olhava para ela com olhos confusos. "O que esta ele a fazer?" Ela perguntou-lhe.

A menina sorriu com os seus pequenos dentes.

"A ser o melhor pai do mundo."

-

O sol a bater na minha cara, o despertador a morrer por baixo da minha almofada. Já era de manhã.

Sentei-me com as cobertas pendentes nos meus joelhos. Cocei a cabeça como quem escondia algo. 

Isto é tão frustrante. 

Farta daquela rapariga a atormentar os meus sonhos. Quando é que isto acaba? Quando aquilo acontecer?

Mais um dia de vida.

Mais uma noite de sonhos.

Mais uma ida para a escola.

Mais professores cheios de gestos e aulas incompreensíveis. Não acredito que isto é tão difícil.

Passaram-se três dias desde o primeiro dia de aulas. 

As aulas começaram a complicar quando estes sonhos começaram a piorar logo no segundo dia. Estava fora de controlo.

Gostava que não se tornassem tão seguidos. O desgosto começava a matar-me por dentro.

Aquele sorriso de felicidade era tão miserável, insignificante agora. 

Suspirei sacudindo as cobertas por cima da almofada que ainda me chamava.

Prometo-te, almofada, que irei voltar brevemente, a minha mente comunicou dramaticamente.

Não me ia por a gesto ar para uma almofada; quero dizer, eu já era estranha. Mas isso seria levar a coisa à letra.

A água do duche já se encontrava quente, o que causou um sorriso pequeno nos meus lábios.

Virando-me bruscamente para a porta, ir buscar a minha toalha. Levei comigo uma caixa de cotonetes.

Argh! A minha mente gritava.

Quem raio pôs isto aqui? Vou demorar uma eternidade a apanhá-los.

Bufando e apanhando, demorei dez minutos. Podia parecer muito, mas cotonetes são tão irritantemente pequenos, caiem quando se apanha um, e são irritantes; ponto.

A minha mãe encontrava-se no meu quarto a dobrar a minha roupa deixada espalhada pela cama.

"Ainda não estás vestida?" Ela perguntou-me.

"Sim mãe, hoje é o dia do pijama na faculdade." Brinquei com ela.

Ela não pareceu gostar.

"Estás atrasada Kyra, não me queiras ver chateada."

Breathe || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora