Aquele cara.

Parte 1

Eu não ouvia mais nada além daquele barulho constante do meu próprio choro, aonde estava todo mundo? Olhei em volta, por que ninguém estava lá? Comecei a ficar tonta, e finalmente tentei me levantar daquele chão gelado do banheiro.
[...] Era uma quarta feira normal, até o momento, levantei cedo e fui para a escola, como faço todos os dias, de segunda a sexta, ainda não me acostumei a acordar cedo, e olha que faço isso faz um ano. Quando você entra na escola , é cada um por si, você coloca um sorriso na cara, esconde os problemas dentro dele , e tenta não se aproximar das pessoas erradas, mas... Como se sabe quem é a pessoa errada?
Você não sabe, você só conhece elas e depois você julga se gosta ou não gosta, pronto.
Mas algo pior que conhecer a pessoa errada, é se apaixonar pela pessoa errada. Ser boba é sinônimo de ser apaixonada, e eu no momento estava completamente perdida em sentimentos e sofrendo por alguém.
Pedro, era o nome dele, e ele com certeza é a pessoa errada, ele é galinha, meio esquecido, desastrado, idiota, e vive trocando olhares comigo, só pra provocar, fico com uma raiva só de pensar, mas me lembro que o sorriso falso esconde tudo.
Esqueci de me apresentar, meu nome é Beatriz, sou aluna do colégio Conselheiro, que é a "melhor" escola de Guarulhos, a cidadezinha que eu moro.
E por que eu falo melhor entre aspas? Porque para parecer o melhor da cidade, eles pegam os alunos com os índices de notas mais altas, fingem que temos liberdade de expressão, falam que os professores são anjos com asas, e fazem vídeos bonitinhos, tudo ensaiado, me poupe.
Bom, o Pedro é um ano mais velho que eu, e ele todo o dia aparece em um sonho meu, e eu sou apaixonada por ele, mas eu ao mesmo tempo odeio ele.
[...] Era hora do lanche, e ele apareceu por perto de onde eu sento com minhas  melhores amigas, Ana, Victoria, Clara, Milena, Marina e a Sofia, nós sentávamos num banco perto da cantina da escola, porque gostávamos do cheiro dos mistos quentes e do pão de queijo. Pedro foi e se apoiou na parede ao nosso lado, e ficou dando olhares de relance pra mim, esperando que eu olhasse pra ele. Eu não queria notar ele ali, porque ele é idiota, mas mesmo assim eu olhei, fiz uma expressão de desprezo, e continuei comendo meu sanduíche, até que apareceu o Bê, esse é o apelido que damos a ele para Bernardo. Ele tem os cabelos bagunçados, um sorriso torto e branco e os olhos escuros, ele é meu melhor amigo.
Ele estava logo do outro lado de onde eu estava sentada, e ele percebeu a presença do Pedro, veio até mim e minhas amigas, e começou a falar:
- E aí? Tudo bem com vocês?
- Sim - responderam elas, com voz de sono.
Bernardo me olhou , se perguntando por que eu não havia respondido ele. Ele pegou meu braço, e fez eu me levantar, e falou baixo:
- É ele de novo?
Fiz que sim com a cabeça, e ele foi pra perto do Pedro, que estava com o Gabriel, seu melhor amigo, ele cochichou algo no ouvido do Gab, que foi empurrando o Pedro para outro lugar. Meu amigo veio até nós novamente com um sorriso bobo:
- Não falei nada demais Bibs, calma.
O Bernardo era muito relaxado, e eu queria realmente saber o que ele disse para o amigo do Pedro, fiquei pensando em diversas possibilidades, fiquei muito curiosa, e dei um tapinha no braço do Bê, que riu, e ficou me encarando. Depois eu disse:
- Quero saber.
Ele engoliu em seco, me olhou um tanto quanto assustado, tentou balbuciar alguma coisa, mas logo depois piscou e começou a dar uma gargalhada forçada e exagerada:
- Herr... Nada. Quem quer comer pão de queijo?
Meu Deus, o que o Bernardo falou pra ele?.