Bernardo teve alta, e pudemos voltar para Guarulhos, ele estava completamente consciente.
Quando Clara me ligou chorando, foi para avisar que o Bernardo dissera que a amava, e ela se emocionou, eu que imaginei coisas demais.
Quanto a Theo, ele recebeu o telefonema da mãe dele dizendo que Bernardo estava bem, por isso não esboçou nenhuma reação a princípio.
Era segunda feira, e eu tinha faltado na escola, pois estava muito cansada por conta da viagem de volta, quando cheguei em casa, afundei no travesseiro. E senti meu corpo inteiro relaxando na minha cama, confortável.
Era 14:00, meus olhos estavam pesados, sentia como se estivesse com olheiras. Olhei no espelho do outro lado da parede, oposta a minha cama, e vi que era só uma sensação, pois minha aparência continuava perfeitamente normal.
Revirei um pouco na cama, olhando para o nada, e tentei cochilar, para aliviar minha sensação de exaustão, mas não passava, impressionante.Me levantei e andando meio tonta, fui até a janela. Os raios de sol, entravam no meu quarto, fracos, iluminando o local com apenas alguns freixos de luz. Coloquei a cabeça para fora, e vi Pedro, que estava sentado no gramado em frente a sua casa junto com seu cachorro, Ford. Seu cabelo estava penteado de lado, e ele usava camisa e bermuda azul.
Naquele momento, do nada, um pensamento na minha mente me atormentou dizendo que eu não gostava mais do Pedro, que aquele um ano correndo atrás dele, e esperando uma atitude por parte dele, foi uma fase, uma fase desgraçada da minha vida, mas que fez parte.
Minha cabeça doeu um pouco, e encarei mais uma vez o meu primeiro amor, aquele cara por qual eu vivia apaixonada, e pelo qual eu cansei de me machucar cada vez mais.
As feridas que ele causou um dia para mim continuavam ali, no coração, ou em lugares que ninguém, nem mesmo eu conseguia ver, mas eu podia sentir, feridas abertas, que não cicatrizavam, a dor me atormentava tanto, e parecia que a cada olhar que eu trocava com o Pedro as feridas abriam mais, os cortes pareciam mais profundos, as minhas feridas ardiam, feridas imaginárias.
Fixei meu olhar nele, ele deu um sorriso quando o cachorro dele obedeceu um comando bobo, depois me distrai, e parei de observar... Sentei na cadeira de minha escrivaninha, uma foto estava lá, era uma foto de amigos, Bernardo, eu, Theo, Clara, Sofia, Marina, Milena, Ana e Melanie, a foto foi tirada um dia antes da festa junina, quando saímos para comer em um restaurante japonês.
Um sorriso enorme surgiu no meu rosto, eles de algum modo viram as minhas cicatrizes imaginárias, e deram pontos em quase todas, cobriram algumas, e me apoiaram como se nada tivesse acontecido, uma lágrima quase caiu do meu olho, mas a segurei, como se mais choro pudesse abrir mais cicatrizes...
Olhei de novo para a foto, Theo estava do meu lado da mesa. Ele era perfeito, mas não o totalmente perfeito, ele era perfeito pra mim, a pessoa que eu queria ter, o sentimento por ele não é igual ao que eu senti pelo Pedro, eu não gosto do Pedro, porque ele é o pior desafio, mas esse ódio por ele me deixava com gosto de quero mais. Porém, esqueci, que se dane. Mas o Theo, o Theo estava ali comigo, eu precisava que ele estivesse sempre ali. Ele me segurou quando eu tive vontade de cair, ele me esquentou quando eu estava congelada por dentro e por fora, ele sempre esteve ali, e eu o amava.
Corri até a casa dele, com o coração na boca, eu toquei a campainha, Theo atendeu, com o cabelo bagunçado e com uma roupa confortável, ele bocejou, provavelmente estava tentando dormir, mas quem liga? Eu o abracei bem forte, sem motivo aparente, não queria soltá-lo, Theo era meu coração, e não as cicatrizes. Ele me envolveu com o braço, levantei a cabeça e o beijei lentamente, poderia até parecer estranho, eu aparecer de repente, e demonstrar afeto por ele, mas eu tinha certeza que ele estava gostando.
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Aquele cara.
RomanceComo se manter forte em momentos difíceis? Chorar é bom, mas superar é melhor, a história conta sobre uma garota que se apaixona pela pessoa errada, e aprende em meio a seu trajeto como e com quem se pode lidar.