Eu faria de tudo.

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Depois do convite, Theo ficou mais um pouco , conversando sobre a escola, e voltou pra casa.
Estava escurecendo, e era quase hora de ver o Pedro e falar as verdades, colocar para fora tudo que eu queria falar, mas de maneira controlada.
Coloquei uma jaqueta por cima da minha regata, e fui até a praça, sentei num balanço que tinha ali e fiquei olhando para o céu, até que ouvi passos, e vi Pedro, que se aproximou e se sentou ao meu lado.
Fiquei poucos segundos em silêncio, até que ele suspirou e falou:
- Pode começar a falar.
- Eu gosto de você - Confessei
- Eu sei, tanto faz, fala o que realmente interessa.
Todos os meus sentimentos se embaralharam, amor, raiva, tudo se enrolando como uma bola de neve, como assim tanto faz? Eu falei o que eu sentia, isso bastava pra mim, ele queria que eu batesse palmas para ele? Sinceramente? Não iria fazer isso nem que me pagassem:
- Você é a pessoa mais idiota, babaca, e ignorante que eu já conheci. - Continuei - Eu sou apaixonada por você, mas o tanto que eu te amo, eu te odeio.
Ele se espantou, e levantou uma sobrancelha, disse por fim:
- Ah, eu poderia topar em namorar com você.
- Poderia topar? Não, você não está me entendendo, não quero namorar com você, não quero falar com você, e se pudesse também não gostaria de olhar na sua cara - Gritei - Não venha com essa de agora dar valor, eu te esperei tempo demais, tempo suficiente, agora se você quer, você que vai ter que esperar, mesmo sabendo que NUNCA vou voltar para você.
- Para com isso, não se exalte.
Meus olhos carregados de lágrimas salgadas queriam explodir, mas eu não iria chorar na frente dele, então eu falei:
- Não vou me ajoelhar pedindo para que você fique, não é qualquer garoto que me derruba, eu faria qualquer coisa para esquecer de você. Não preciso mais de você. Sinceramente Pedro, perdi um ano da minha vida vidrada em alguém inútil.
Ele riu, e eu virei as costas, ele poderia tentar me irritar, dane-se ele. 
Fui caminhando, ouvindo o som da voz dele ficando mais distante, por um segundo antes de sair da praça pensei em virar novamente e poder falar mais alguma coisa para ele. Falar muitas coisas inclusive. Mas eu não conseguia omitir qualquer som. Eu poderia voltar e dar um chute nele, poderia gritar mais um pouco, xingar ele, mas não fiz nada disso, ele não merecia nada do que eu fizesse ou dissesse.

Aquele cara.Onde histórias criam vida. Descubra agora