Estávamos na aula de ciências, eu como sempre, odiando, enquanto Bernardo do outro lado da sala estava amando, querendo saber mais sobre a anatomia de um molusco.
O sinal bateu, e a professora de matemática entrou na sala, porém no tempo de uma professora sair e a outra entrar, Bernardo passou um bilhete para mim, escrito - " Preciso te contar algo na hora do recreio" - Me enchi de curiosidade, pensando no que era, e não prestei atenção em uma palavra das quais minha professora disse.
***
Era hora do intervalo, o barulho do sinal tocou forte por toda escola. Todos os alunos da minha sala se levantaram, um empurrando o outro, loucamente interessados em chegar a cantina primeiro do que o colega.
Eu esperei todos saírem da sala, peguei um pacote de bolachas que estava na minha mala e um suco de uva em caixinha, sai da sala com calma.
O sol estava batendo forte no meu rosto, e senti minha pele esquentando.
Avistei Bernardo e fui andando até lá. Ele estava apoiado em uma das paredes próximas a outra sala. Quando cheguei, me apoiei ao seu lado e abri o pacote de bolachas e mastiguei uma, eram bolachas de mamão, um tanto quanto estranhas.
Ficamos quietos, até que Bernardo parou de olhar fixamente para a mesa de Ping-Pong no meio do pátio e dirigiu-se para mim:
- Eu queria te contar o que eu falei para o Gabriel uma vez, e que fez ele e o Pedro saírem de perto de nós.
Meus olhos arregalaram, não fazia mais importância para mim, eu já havia esquecido, porém, ele me fez lembrar, tocou no assunto, então agora eu preciso que ele me conte, com um tom de voz meio forçado eu insisti:
- Conte-me agora.
Coloquei os braços para trás, para que ele não percebesse o suor da palma da minha mão, e nem meus pelos arrepiados do meu anti-braço.
Ele prosseguiu:
- Não foi algo totalmente significativo, eu cheguei lá com a intenção de mandar Pedro sair, e falar de todo tipo de coisa ofensiva para ele - Ele acrescentou com uma risadinha nervosa - Mas eu não fiz isso, eu apenas cheguei no Gabriel e disse que se ele não saísse eu o tiraria de lá.
Realmente, qualquer um com o porte físico do Gabriel sairia de lá, Bernardo tinha os ombros largos, e os braços um tanto quanto musculosos, porém sem nenhuma definição, enquanto O Gab era o oposto, era magro, e se colocassem as mãos em seu tórax, provavelmente sentiriam o osso fraco de suas costelas.
Eu dei um sorriso após ouvir isso e disse com ironia:
- Obrigada, Sr. Valentão.
Ele riu e colocou os bíceps para cima, contraindo-os e batendo no seu muque, em gesto de que ele era muito forte, depois soltou um sorriso, e ficou em silêncio.
Até que Clara apareceu por trás da mesa de Ping-Pong, rondando os olhos pelo pátio na intenção de encontrar alguém, ai que Bernardo a viu, e foi correndo para ela, me deixando sem ninguém, e rindo sozinha.
Quando entramos na sala novamente, a professora estava mordendo os lábios em sinal de decepção, e comentou:
- Não haverá mais acampamento.
Todos um tanto quanto para baixo nos entreolhamos. Alexandre, um garoto que sentava na frente perguntou o motivo do qual isso havia acontecido, e a professora comentou que não era nada demais, era uma questão econômica por parte do Conselheiro.
Depois, todos esqueceram, e a aula continuou tranquilamente, como se nada houvesse acontecido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aquele cara.
عاطفيةComo se manter forte em momentos difíceis? Chorar é bom, mas superar é melhor, a história conta sobre uma garota que se apaixona pela pessoa errada, e aprende em meio a seu trajeto como e com quem se pode lidar.