Escrevo sobre o que me incendeia a alma
Escrevo sobre os dilúvios que me afogam a mente
Escrevo sobre o meu coração remendado e em obras
(devora-me os sentimentos que estão à borda de caírem)
Escrevo sobre as tripas do meu corpo puxadas à força,
sem dó, sem piedade, para mero prazer de outros
Escrevo sobre o passado, sobre o que ficou, sobre a dor
que um dia me desfez como porcelana,
como se eu fosse um belo dia e a dor o fim do mundo
Escrevo sobre o presente,
a mais bela dádiva que nos é dada,
mas sem consciência das possibilidades
Caminhamos sem caminho,
a estrada são meras roupas atiradas ao chão
num momento fugaz
Escrevo sobre o que não sei
ou sobre o futuro
sobre o que me faz perder horas a pensar
na razão de estar aqui
de não largar tudo e fugir
Escrevo para mim
abraçar-me num tom metafórico
perder-me nas linhas e letras
em vez de em obscenidades
Escrevo para nós
para que um dia nós exista
Escreverei até apodrecer
Até a réstia do meu inútil corpo
dar de comer à terra por onde agora
divago.
Escrevo para me sentir vivo.
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Ego
Non-FictionO que sou em pedaços de papel, em linhas tortas escritas por aí. A alma diz olá, o coração diz adeus. A mente acorda. Eu apenas eu, nestes textos sou eu, e se um dia deixar de ser eu, retornarei aqui, àquilo que um dia eu fui.