Arrancaste-me as entranhas como se fosse teu
E sou, sempre fui
Sou teu até ao dia em que não mais me queiras.
O dia aproximou-se sem eu o ver
Agarrei-me, com unhas e dentes, a alguma parte de ti
Ao que me restava.
Com o tempo percebi a genuinidade da perda
Que meu equívoco foi achar que a eternidade era nossa base
E que a efemeridade do que tínhamos era complexa.
Que me perdi nas saudades que tinha de nós
E não no que faltava em mim.
Irritei-me. Descarreguei em ti.
Tornei-te mártir dos meus pecados e desejos.
A queda foi inevitável
Afoguei-me em outros corpos
Na procura do consolo que já não tinha em ti
Tornei-me insaciável
Saltando de cama em cama
Tentando apenas encontrar algo ou alguém
Cuja alma me acalmasse como a tua.
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Ego
Non-FictionO que sou em pedaços de papel, em linhas tortas escritas por aí. A alma diz olá, o coração diz adeus. A mente acorda. Eu apenas eu, nestes textos sou eu, e se um dia deixar de ser eu, retornarei aqui, àquilo que um dia eu fui.