Hospitais

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Hospital e os seus corredores

cheios durante o dia, vazios à noite

sempre com o seu cheiro pútrido como se ninguém nascesse,

apenas morrem. Indecência.

Estou no hospital mas olho para as pessoas como se fosse

mero ser invisível e observador.

Lá vai ela a chorar, alguém morreu. Ou não. Alguém nasceu.

Não sei, limito-me a especular.

Os passos arrastados de quem já tem dificuldades em andar.

Os passos em corrida de seres impacientes com tanto por viver.

Irritam-me. Os dois. Pouca coisa não me irrita.

Ninguém me vê, encostado à parede, vendo a raiva e a dor

de quem se encontra neste hospital.

Vejo as lágrimas a escorrer pela cara das pessoas como

se tivessem guardado aquele momento para chorar durante

toda a sua vida.

Libertam tudo.

O hospital não é apenas o sítio onde morrem e nascem pessoas,

é o sítio onde algumas renascem completamente diferentes

da pessoa que eram quando entraram.

EgoOnde histórias criam vida. Descubra agora