Capítulo 18

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Capítulo 18; Fá-lo precisar

Eram três da manhã. Apesar de ser sexta – ou sábado -, eu não conseguia dormir. Sabia que eram, obviamente, as insónias a atacar-me, mas não conseguia entender o porquê. Talvez fosse toda a ansiedade do que estava a acontecer entre mim e a Lucinda; já não estávamos naquela fase estranha em que não sabíamos se éramos só amigos ou um casal. Continuávamos a não saber o que éramos, mas deixara de ser estranho. Suspirei. Queria tê-la ao meu lado, talvez vê-la a dormir fosse mais relaxante do que estar sozinho, mas eram três da manhã.

Levantei-me, silenciosamente, e caminhei até à cozinha. Sabia que me faria mal beber algo alcoólico, porque tomara os comprimidos, mas calculei que já não faria mal, então escolhi a cerveja, de qualquer maneira. Peguei em duas garrafas e voltei para o meu quarto. Olhei para o meu telemóvel, que iluminava o meu quarto, e ponderei tentar falar com a Lucinda. Talvez ela não se fosse importar muito se eu a acordasse, sei lá. Proibi-me de o fazer; eu poderia não dormir, mas não iria deixar que lhe acontecesse o mesmo. É um ciclo vicioso não dormirmos numa noite e acharmos que aguentaremos as próximas, da mesma maneira.

Quando acabei a segunda cerveja e não sentia nada que me ajudasse a puxar o sono para mais perto, agarrei o meu telemóvel. Estava farto de não conseguir dormir e, embora não quisesse perturbar a Lucinda, sabia que ela iria conseguir acalmar o que quer que fosse que estava a perturbar-me. Suspirei e marquei o seu número, chocando-me por já o saber de cor. Ouvi o mesmo toque umas três vezes e, quando estava prestes a desligar, ela atendeu. Senti-me mal por a ter acordado, mas deixei que a sua voz lavasse isso.

- Obrigada por teres sido o primeiro a ligar. – Tive que rir, baixinho, mas estava confuso.

- Não estavas a dormir?

- Bem, agora estava quase. Mas estive as últimas três horas a perguntar-me se devia, ou não ligar-te. Porque se estivesses a dormir, eu iria acordar-te, e eu não queria isso.

- E o que é que querias?

- Para de me fazer perguntas!

- Porquê?

Quase que a imaginei, à minha frente, a revirar os olhos. Eu conseguia ser bastante irritante – ou frustrante, como ela insistia em repetir -, quando conseguia. Mas fazia-me sorrir. Estar a falar com ela, de madrugada, quando deveríamos estar ambos a dormir, obrigava a um sorriso que não deveria ser tão fácil de soltar. Apesar de já me ter conformado com a ideia de que, de facto, gostava da Lucinda e de que ela, magicamente, também gostava de mim, não conseguia aceitar a ideia de me estar a tornar dependente dela. Talvez ela não percebesse que isso estava a acontecer, mas o facto de eu sentir a necessidade de falar com ela, durante a noite, só provava isso mesmo.

Suspirei, enquanto a ouvia fazer perguntas preocupadas. Não lhe ocultei o facto de ter estado a beber – ela sabia das ideias estranhas da minha mãe – e, por isso, não me poupei de um sermão. Ela estava a agir como se apenas metade dela fosse minha quase-namorada e a outra metade fosse, praticamente, minha mãe. Não sabia como me sentir, em relação a isso, então deixei-me estar calado. Esperava que ela não levasse o meu silêncio como um insulto e fiquei feliz quando ela se limitou a repreender-me, quando eu não falava.

- Estás a ficar com sono? De certeza que eu consigo ser aborrecida.

- Nunca, Lucinda. – Tentei o meu máximo para que a minha voz não mostrasse o meu sorriso, mas sabia que ela já me conhecia demasiado bem.

- Sabes o que eu me apercebi? Tu chamas-me sempre Lucinda. Porquê?

- Porque é o teu nome?

Como Amar um InsoneOnde histórias criam vida. Descubra agora