"Não me lembro de como a Lua estava, mas lembro de estar bonita. O céu escuro com gotas de estrelas. Estava frio e aconchegante e meus dedos congelavam. Andávamos lado a lado.
Podia sentir o cheiro dele no ar, agradável, familiar... o cheiro de quem mais amo no mundo. Então ele colocou algo para tocar no celular. Alguma música lentinha, com um vocal calmo e suave.
Estávamos sozinhos na rua. Como se apenas nós existíssemos no Universo. O perfeito abraço acolhedor da solidão a dois.
-- Dança comigo -- falei.
Paramos. Coloquei meus braços em seu ombro, ele em minha cintura.
-- Não sei dançar -- confessou, baixinho.
-- Não tem problema.
E dançamos, sob a Lua linda que não me lembro, o céu estrelado e a música calma. Desconcertantes e atrapalhados, mas apaixonados demais para se importar. Troca de olhares, cheiros, beijos, apertos.
Uma felicidade tão distinta, que quase me fez chorar.
"Como no filmes", pensei, "mas é real"."