A última coisa que eu queria é que tudo, de repente, explodisse bem na minha frente.
Certo, vamos começar do início? Me chamo Jason Hunt, tenho dezessete anos e sim, sou um metamorfo. Vivo na cidade de Naples, Flórida, ao sul da costa leste dos Estados Unidos.
No dia em que tudo veio por água abaixo, eu estava na escola, no terceiro dos "quatro melhores anos da minha vida" no ensino médio. A minha escola é, sim, pública, mas é muito bem organizada.
Todos os corredores eram muito limpo, o zelador Rogers fazia questão de deixar tudo em ordem. Fazia mesmo. Chegava a ser muito chato, uma vez, no meu primeiro ano, um garoto da minha turma de Álgebra, Gabriel Bayer, jogou uma latinha no chão, o zelador Rogers atirou a latinha na cabeça do menino, que levou três pontos na cabeça. Não foi algo tão bonito de se ver.
Os armários, de bem conservados, conseguiam reluzir quando a luz do sol batia contra as vidraças da janela no período da tarde, perto do final da aula.
Estava buscando o livro que eu iria precisar para a última aula do dia quando Mariana Parker, minha melhor amiga me acerta na cabeça com o jornal daquele dia enrolado.
- Olha só isso, cara! - Ela disse, abrindo o jornal na minha frente, me mostrando a capa.
Penduro a bolsa em um dos ombros e seguro o jornal, olhando para a primeira página com mais atenção. Era a edição do dia de hoje, havia a foto de um saco preto com algo dentro - um daqueles sacos de cadáver - no meio da mata com dois peritos ao redor do saco e pareciam discutir algo. No fundo, estava o xerife da cidade, ele conversava com uma mulher que estava com os braços cruzados, como se estivesse com frio.
Na manchete, acima da foto, estava escrito: "Novo ataque de animal deixa cadáveres desfigurados".
- Mas que droga... - eu disse, pus uma mão na cabeça - mais um ataque.
- Exato! Mas olha isso, é incomum, é pior do que qualquer animal que já esteve nos arredores, sabe? Não é um puma, as pegadas são bem maiores. - Mariana parecia frustrada. - É óbvio que isso é um...
- Sshh...! - A interrompi antes que pudesse completar a frase. Um grupo de garotos nerds passava por nós naquele exato momento. - Eu sei que pode ser algum Renegado carnívoro ou um simples metamorfo descontrolado, mas temos que manter a discrição aqui, lembra? Falar baixo. - Peguei o livro e fechei o meu armário.
- Certo, certo. Escuta, os policiais não vão dar conta dessas coisas, você sabe disso, não é?
- Sim - eu respondi preocupado - é claro que sei.
Voltei o jornal para ler a matéria enquanto andava na direção da sala de aula. A matéria era escrita por August Fredini, o repórter da cidade conhecido por ninguém gostar dele. Aparentemente ele era um repórter muito crítico, falava coisas desagradáveis sobre as pessoas, algumas coisas verdade, outras fatos manipulados. Mas, apesar de tudo, era uma pessoa que prezava a sinceridade acima de tudo, seja ela construtiva ou destrutiva.
Na noite de desta quinta-feira(12), aconteceu mais um fato lastimável de morte por um "ataque de animal". Desta vez, três integrantes de uma família de quatro pessoas foram mortos. A única sobrevivente e testemunha, Letícia Peterson(filha mais velha do casal George e Mary Peterson, mortos no ataque), não conseguiu descrever o acontecimento com exatidão, não parecia estar muito claro. Segundo ela, parecia um monstro que conseguia se erguer nas duas patas traseiras, como um urso, mas era muito mais magro que um urso, e todos nós sabemos que não há ursos por está região.
Estranhei esse começo da reportagem, não me recordava de nenhum animal comum magro que conseguia se erguer nas patas traseiras, realmente, não parecia algo que um metamorfo faria. Metamorfos, mesmo que carnívoros, são bem mais discretos, não deixariam tantas pontas soltas. Continuei a ler a reportagem.
O xerife Harold Hunt(policial conversando com a jovem) não deu muitas explicações sobre o ocorrido, nem se este ataque mais recente tem qualquer ligação com os quatro ataques das últimas três semanas nos arredores da cidade. Os cidadãos de Naples começam a se sentir cada vez mais inseguros, certos de que há um animal descontrolado por aí. A maior dúvida da população no momento é: Será que o xerife Hunt tem, realmente, capacidade de estar no cargo que ele atualmente ocupa?
E é assim que o Fredini, mesmo sendo um repórter tão jovem, dissemina seu veneno entre a população, o espalha para que uns fiquem contra os outros. Agora ele estava tentando atingir o xerife da cidade. Agora ele tentava atingir o meu pai.
Amassei o jornal com as mãos e o atirei no lixo mais próximo com tamanha força que as pessoas ao redor se assustaram. Eu estava com muita raiva. Dava pra ver o porquê de August Fredini ser tão odiado e ao mesmo tempo tão influente.
Virei-me para Mariana, ela tinha aquele sorriso travesso que sempre significava que íamos fazer algo que não deveríamos fazer e provavelmente nos meteríamos em encrenca.
- Nós vamos investigar hoje a noite? - Ela perguntou, ainda sorrindo.
- Nós vamos investigar hoje a noite - foi tudo o que eu disse.
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O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)
WerewolfClassificação Indicativa: 16 anos. Meu nome? Jason Hunt. Tenho dezessete anos de idade, sou filho adotivo de Harold Hunt, xerife da cidade de Naples. Flórida, Estados Unidos da América. Onde cresci e fui criado pelo xerife desde que ele e sua esposa...