20. Inspiração

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Carol estava bem. Mal dava pra acreditar nessas palavras, eu muito menos conseguia proferí-las. Havia um sorriso tão largo em meu rosto que eu começava a sentir dores na mandíbula. Pus-me a correr na direção do grande chalé, seguido pelo meu irmão. Ela olhava para mim, sorrindo, me esperando.

Quando cheguei mais perto, lembrei de tudo que estar perto dela fez a ela e quase fez à Mapa. Parei perto do primeiro degrau das escadas de pedra e madeira, que levavam à varanda do chalé, observei-a melhor, ela ainda parecia um pouco cansada, debilitada, de certa forma, a culpa voltou a bater no meu peito e meu sorriso foi-se embora da minha face.

Limpei a garganta e tentei me recompor, ela olhava para mim com uma expressão meio confusa.

- Como se sente, Carol? - Perguntei, ela sorriu fracamente para mim.

- Bem melhor, Jason - respondeu ela - só um pouco tonta ainda.

- Não seria melhor descansar um pouco mais? - Minha voz tomou um tom preocupado que eu não queria demonstrar. - Precisamos de você com cem por cento de energia.

Gawain riu brevemente.

- Eu falei a mesma coisa para ela, mas ela não me dá ouvidos - ele disse.

- E duvido que dê ouvidos ao Jason - Mapa completou. Os dois riram brevemente com as piadas.

Girei os olhos para os dois e subi os degraus, até ficar do lado de Carol, eu ainda estava meio receoso de que pudesse machucá-la a qualquer momento. A imagem da Carol morta no meu pesadelo voltou à minha mente, escutei um curto zumbido ao longe: "POR QUE?!"

Fechei os olhos para afastar a lembrança de qualquer pesadelo que eu houvesse sonhado na noite anterior, segurei a mão de Carol.

- Tem certeza de que está bem e de que pode participar dos treinos nesse estado? - Perguntei.

- Absoluta, senhor - ela disse.

- Não acharia melhor apenas assistir hoje, enquanto ainda não está totalmente recuperada? - Carol ficou muito pensativa com a minha pergunta, imaginei que ela estivesse avaliando todas as opções. Por fim, ela respondeu.

- Tem razão.

- Então vai ficar observando hoje, ok? Se, amanhã, você estiver melhor, poderá participar dos treinamentos conosco - falei. - O que acha?

- Para mim, parece bom. - Ela respondeu.

Sorri para ela e me afastei um pouco, depois voltei-me para todos os agentes, que nos observavam.

- Estão olhando o quê?! - Gritei, todos viraram a cara, exceto alguns que começaram a rir. - Acham que os lobisomens vão esperar vocês pararem de se distrair para poder começar um combate leal?! LOBISOMENS NÃO SÃO CRIATURAS LEAIS NO COMBATE!

Todos viraram o rosto e evitaram olhar para mim, alguns abaixaram a cabeça. Comecei a descer às escadas da varanda.

- Esquadrão de Caça Alfa! - Chamei. Melina, Robert, Reginald, Gawain e Mapa formaram uma fila, ombro a ombro, na minha frente. - Nós seremos os responsáveis por procurar e achar o esconderijo dos lobisomens, invadir furtivamente e assassinar o lobisomem alfa. Matando o alfa, os outros não têm chance contra nós, ou serão desintegrados, ou voltarão a ser humanos. Entendido?

- Sim, senhor, senhor! - Eles responderam batendo continência, zoando da minha cara, mas decidi ignorar.

- Esquadrão Beta! - Chamei. Formou-se três fileiras com dez pessoas, me aproximei deles. - Vocês serão a equipe e distração, ficarão de prontidão na entrada principal do esconderijo inimido, fazendo com que eles se ocupem o máximo possível e nem desconfiem que a equipe Alfa vai estar invadindo furtivamente o local. Luke Wydde será o líder do Esquadrão Beta. Alguma objeção? - Ninguém levantou a mão ou fez o menor ruído. - Ótimo. Então, estamos entendidos?

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora