27. Pandemônio

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Chegamos a cidade um pouco tarde demais. Já haviam carros virados, sangue espalhado e pedaços de carne rasgados no meio das ruas. Havia carros pegando fogo, casas pegando fogo, a até uma pessoa correndo no meio da rua pegando fogo.

Um lobisomem pulou em cima do homem em chamas, fincou os dentes na cabeça do homem e a puxou, matando-o, decepando a cabeça do pobre coitado que estava em chamas. Pelo menos ele morreu mais rápido do que morreria com as chamas.

O lobisomem acabou envolvido pelas chamas e cambaleou, agitando-se agressivamente até cair, morto, no meio da rua.

O pandemônio parecia estar instaurado ali, fiquei muito preocupado, isso significava que as defesas policiais não estavam sendo suficientes, obviamente não seriam. O que seriam cinquenta policiais do destrito contra centenas de lobisomens, bestas carnívoras que eles jamais haviam visto?

Corri, em minha forma de lobo, com Mapa, Melina e Carol em meu encalço, estava indo para minha casa, torcendo para que os lobisomens ainda não tivessem chegado até ela.

Ao entrar na minha rua, vi o cachorrinho do senhor Woodson latindo para um lobisomem que arrancava fora as tripas do corpo do senhor Woodson, me senti muito mal por ter desejado a morte dele uma vez, em um momento de raiva.

Voltamos à nossas formas humanas e entramos na minha casa sorrateiramente, esperando não encontrar algum lobisomem dentro de casa, ou pior, matando meu irmão.

- Jansen?! - Gritei, correndo pela casa, deixando Gawain, desacordado, deitado no sofá, fui para a cozinha, a sala de jantar, os quartos no andar de cima, nada.

Não havia sinal de ninguém, nem do meu irmão, nem do meu pai, meu coração começou a acelerar com força. Virei-me para Mapa, Melina e Carol.

- Cuidem do Gaw, vou olhar no arsenal - falei.

Saí correndo para a porta que ficava debaixo da escada e a abri, desci as escadas do porão correndo, um objeto voou na direção da minha cabeça, mas, com um bom reflexo, consegui desviar. Um virote de prata afundou na parede da escada do porão, bem onde minha cabeça estaria, se aquilo tivesse me acertado.

Me levantei devagar, olhando para dentro do arsenal, ali vi Jansen segurando uma besta, ele estava na frente de Frank e Nancy Harrington, que pareciam extremamente assustados. Nancy foi a primeira a me reconhecer.

- Jason! - Ela gritou, meu irmão abaixou a besta, olhando para mim.

- Desculpa, irmão - ele falou, realmente pude ver culpa em seu olhar.

- Vocês estão bem! - Falei, descendo até eles. - Graças a Deus... Mas cadê o papai?!

- Foi procurar por você - Frank respondeu.

- E tentar salvar a cidade - Jansen completou.

- Harold é maluco, acha que por ter armas de prata pode matar essas bestas... O que eles são, afinal? - Nancy falou. Virei-me para ela.

- São lobisomens. Armas de prata funciona mesmo contra eles - disse. - Volto já.

Eu voltei correndo pela escada, subi até voltar para a sala de estar e peguei Gawain nos braços, me virei para as meninas, fazendo sinal para que elas me acompanhassem.

Entramos no bunker e arsenal do meu pai, desci com Gawain desacordado até uma pequena cama de armar que tinha no canto do bunker e o deitei nela. Gawain estava começando a recobrar a consciência aos poucos, ele falava sobre a Mapa, comida mexicana e animes em frases totalmente sem nexo.

- Chimichangas, baby, chimichangas - ele falava, ainda muito tonto.

Nancy se colocou do lado dele, verificando o estado dele, lembrei-me que ela era enfermeira no hospital da cidade, então Gawain estava em boas mãos.

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora