21. Caçada

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As últimas duas frases que eu pronunciei para eles foram inacreditáveis até para mim, apesar das chances apontarem isso como certo. As chamas da fogueira continuavam dançando, as brasas continuaram subindo alto no céu escuro, mas a atmosfera ficou estranhamente mais pesada.

- Você tem certeza? - Melina perguntou, ela franzia o cenho, desconfiada.

- Não, isso consegue ser pior - eu ri ironicamente, estava com vontade de vomitar só de pensar que aquele monstro poderia ser o meu pai. - Não ter certeza se é ele, ou não, consegue ser pior do que achar que ele pode ser meu pai.

Eu me levantei e caminhei um pouco para longe das chamas, olhando para o céu. Eu não via a lua havia duas noites, então ela me parece ligeiramente diferente do que da última vez, ela estava se enchendo, maior que da última vez. Foi aí que percebi uma coisa.

Me virei para Mapa.

- Mapa, quando é a próxima lua cheia? - Perguntei. Ela olhou para mim, confusa.

- Não sei - ela disse, mas pegou o celular rapidamente do bolso do casaco. - Mas posso dar uma olhada, se quiser.

- Daqui a cinco dias - Jansen disse, todos se viraram assustados para ele. - O que foi? É o dia do meu aniversário, por isso eu sei que é lua cheia.

Era verdade. Eu não lembrava o quanto o aniversário do Jansen estava perto, sorri para ele, mas então minha expressão mudou, comecei a ficar preocupado. Me virei para os meus companheiros de esquadrão, sério, todos me olhavam com uma expressão preocupada, apenas Robert e Reginald não estavam ali.

- Temos menos de quatro dias para encontrar o covil - eu disse - os lobisomens atingem o auge dos seus poderes na lua cheia, não podemos deixar isso acontecer. Temos que encontrar o covil antes disso e cumprir a nossa missão.

"Temos que matar o alfa."

* * *


Os dois dias que se seguiram foram de treinamento intenso para o esquadrão Beta e parte do Alfa, mas eu, Mapa, Melina e Reginald continuamos procurando o covil incessantemente, mas sem obter muito sucesso.

Carol já havia se recuperado quase totalmente dos ferimentos, no final da tarde do terceiro dia de treinamentos, pude ver ela lutando contra os bonecos de lobisomens. Ela lutava muito bem, eu achava que não poderia me surpreender mais depois do que ela fez com os lobisomens naquela noite, mas ela parecia uma dançarina ninja lutando contra os bonecos usando duas adagas. Ela era realmente muito boa.

Eu estava estocando alimento para mais uma noite a procura de lobisomens e do covil deles, a caçada estava se tornando cada vez mais difícil, eles, simplesmente, sumiram do mapa.

Não tínhamos notícias deles havia quatro dias, desde a noite da perseguição ao loirinho aqui, mas havia pistas. Meu pai chegou naquele dia mais cedo trazendo notícias sobre desaparecimentos em cidades vizinhas, aquilo estava tão claro para mim quanto para Harold.

- Estão recrutando - falei, ele assentiu.

Estávamos nós dois, Mapa, Phil e Roger no escritório do Roger, que havia se mudado do saguão principal para o maior cômodo do chalé. Phil e Roger pareciam preocupados, com razão.

- Isso quer dizer que estão expandindo a matilha - disse Phil.

- Em um número altamente crescente - disse Harold. - Houve cerca de cinquenta desaparecimentos ontem, foram trinta e sete no dia anterior. Estão sequestrando humanos e transformando-os em lobisomens.

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora