Uma gargalhada. Era uma grande e estrondosa gargalhada, uma gargalhada realmente monstruosa. Era como se garras de metal arranhassem uma parede de pedra, e uma voz monstruosamente grossa estivesse em sintonia com o arranhar da garra de metal.
Tanto a voz quanto a gargalhada pertenciam a um único ser, o lobisomem em minha frente, que tinha sua pelagem completamente negra e olhos de um vermelho-sangue brilhante como rubis polidos.
A gargalhada se deu pelo fato do altar de pedra estar banhado de sangue, mesmo fator que me deixou estupefato, paralisado. Olhei para os lados, em um lado estavam Phil, Melina e Carol, aterrorizados, do outro, Gawain, Mapa e Reg, que estava quase incontrolável.
- ME SOLTA, GAWAIN! - O ruivo gritava, enquanto meu melhor amigo o segurava com muita força. - ME SOLTA! EU VOU MATAR ESSE FILHO DA PUTA!
O Alfa olhava para mim, depois se virou para Reg, que balançava e gritava com ódio, depois se virou para mim.
"Estranho, achei que tinha acabado de matar ele" ele disse. "Deve ser apenas minha mente me pregando peças."
Ele se referia ao corpo que ele acabara de jogar de lado, o corpo pertencia a Robert, Bob, o irmão gêmeo de Reginald. O lobisomem Alfa havia acabado de separar a cabeça de Bob do seu corpo, jogando a cabeça e fazendo-a rolar em minha direção, a cabeça de Bob parou próxima aos meus pés.
Eu estava completamente paralisado, havia uma mistura de medo, angústia, fúria, frustração e desejo de vingança, mas, mesmo assim, eu continuava paralisado. O Alfa gargalhou novamente e começou a caminhar vagarosamente em minha direção, ele mantinha o sorriso mostrando os dentes que pareciam navalhas e suas mãos cheias de sangue, do sangue do meu companheiro de esquadrão, do meu irmão de armas.
Pela minha visão periférica, vi Phil correr com as meninas para tentar segurar Reg, eles estavam caminhando na direção do túnel, para fugir, para bater em retirada. Mas eu tinha medo.
Medo de que, depois desta noite, não tivesse mais nenhuma chance de matar o Alfa, medo de que ele pudesse nos seguir e nos matasse, medo de que eu não pudesse vencer essa praga nunca mais.
"Ah, metamorfos..." O Alfa começou a falar. "Uma raça tão nobre, que se acha tão superior por estar mais próxima à humanidade e à realidade dos humanos, que se acham no direito de exterminar os outros seres místicos..."
- O que quer dizer? - Perguntei, tentando controlar a raiva.
"Vocês, muitas vezes, se acham tão superiores, tão intocáveis... que subestimam o resto de nós, criaturas míticas" ele dizia. "Nos rotulam como pragas e bestas irracionais, acham que somos facilmente mortos e se sentem no direito de nos exterminar desta terra como baratas..."
- Mas vocês são, realmente, uma praga! - Retruquei. - Uma praga que jamais deveria existir!
"'Vocês'? Não, Jason Hunt, eu não sou uma praga..." ele falou, então percebi que ele pronunciou meu nome pela primeira vez.
Ele sabia quem eu era, ele me conhecia, ele sabia que eu ia tentar pará-lo, isso queria dizer que...
- Vocês vieram por mim... - concluí. - Eu sou o motivo da matilha de lobisomens ter vindo até aqui... É a mim que vocês querem...
"Sim, Jason Hunt, você é o meu alvo, mas como eu disse antes, EU não sou a praga... NÓS somos!" O Alfa dizia, e com um golpe ele arranhou meu braço, fazendo-me sangrar.
O sangramento começou e parou com a mesma velocidade, o talho em meu braço estava se curando rapidamente, eu me perguntei o motivo daquilo, mas, pela risada do Alfa, eu pude entender com facilidade: eu tinha mais sangue licantropo do que eu imaginava.
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O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)
LobisomemClassificação Indicativa: 16 anos. Meu nome? Jason Hunt. Tenho dezessete anos de idade, sou filho adotivo de Harold Hunt, xerife da cidade de Naples. Flórida, Estados Unidos da América. Onde cresci e fui criado pelo xerife desde que ele e sua esposa...