19. O Treino Começa

46 11 3
                                    

Cerca de trinta jovens estavam de pé no gramado, todos olhavam para mim. Se não estivessem vestindo trajes especiais de agentes, você poderia olhar para aquele grupo e achar que era um comercial, não muito feliz, de uma marca de refrigerante, só faltava um urso polar sorridente feito em CGI.

Naquele momento eu me perguntei se havia algum metamorfo no mundo que podia se transformar em urso polar. E, se ele realmente existia, seria um esquimó metamorfo? Imagino que o calor dos trópicos devia incomodar.

Deixei as perguntas idiotas de lado, tentando me concentrar. Eu estava vestido com o traje especial da Alcateia também, Melina, ao meu lado, também.

Com Mapa e Gawain se reversando para cuidar da Carol, Melina acabou ficando como a segunda no comando. Robert e Reginald ficaram um pouco mais afastados de nós, mais atrás. Melina cutucou minhas costelas e sussurrou algo como: Fala alguma coisa, bobão!

Eu pigarreei, limpando a garganta e me pus a falar.

- Bom dia a todos - falei, apenas alguns responderam, eu parei, ao lado da mesa cheia de armas e munições de prata. Bati na mesa, fazendo um barulho alto. - Eu disse "Bom dia a TODOS"! - Todos me responderam, sorri. - Bem melhor. Hoje, agentes, vamos começar táticas de treinamento contra lobisomens, para isso, teremos alvos parados, alvos móveis, e situações com reféns.

Todos permaneceram calados, com os olhos fixos em mim, enquanto eu caminhava ao redor da mesa de armas. Peguei uma besta, coloquei um virote de prata no lugar, olhando para os agentes.

- Vocês precisam ter em mente que, apesar de poderosos e resistentes, são altamente vulneráveis a qualquer objeto ou arma feito com prata - eu disse, apontei a besta para um boneco e lobisomem que estava a mais de dez metros de distância de mim, atirei e o virote de prata fincou na cabeça do boneco. - O primeiro ponto vital onde vocês têm que mirar é a cabeça. A cabeça não é fraqueza apenas de zumbis, é a maior fraqueza de qualquer ser vivo - alguns agentes começaram a rir, eu sorri brevemente. - O segundo ponto vital onde têm que mirar, para matar, é o coração. Se os atingir com prata no coração, eles morrem instantaneamente, se decompondo em segundos, consegue ser ainda mais letal que a cabeça.

Eu pegava um segundo virote e armava a besta, mirei ela no coração do boneco e o acertei no peito.

- O problema do coração é que ele é bem mais protegido que a cabeça - comecei - por isso é mais seguro, e certo, vocês mirarem na cabeça do monstro para matá-los, assim eles não terão muita chance de atingir vocês... Mas vocês têm que ser rápidos.

Phil liberou um boneco de movimento que vinha na minha direção em alta velocidade. Eu peguei três facas de arremesso feitas com liga de prata e atirei uma de cada vez no boneco, que caiu aos meus pés.

A primeira faca havia se cravado na cabeça dele, a segunda no pescoço e a terceira no peito. Impossível para qualquer ser sobreviver àquilo, ainda mais se prata for sua maior fraqueza.

Peguei um pequeno coquetel molotov de cima da mesa e o acendi, desmonstrando aos agentes.

- Isso é um coquetel molotov de Wolfsbane, a famosa planta venenosa que era usada para matar lobos e, principalmente, lobisomens - eu mostrei. - Toda e qualquer pessoa, seja metamorfo ou humano é frágil contra essa flor, mas ela machuca com muito mais intensidade os lobisomens. - Três bonecos de lobisomens móveis corriam na minha direção a cerca de vinte metros de distância de mim, joguei o coquetel na frente deles e eles se assustaram, as chamas haviam tomado uma cor que fluía do roxo para o dourado. - A Wolfsbane serve tanto pra assustar a afungentar lobisomens... - um dos bonecos de lobisomens tocou nas chamas e elas o consumiram por inteiro, reduzindo-o a cinzas, os outros dois bonecos se afastaram mais - quanto pode matá-los destruindo cada célula do seu corpo.

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora