23. Philip Wester

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Acho que em nenhum dia da minha vida vi Mariana Parker, minha melhor amiga, fazer uma cara de incrédula tão grande e significavelmente expressiva quanto naquele momento. Phil mantinha uma expressão de intrigado no rosto, conhecendo-o bem, eu sabia que sua mente estava movendo peças e engrenagens para considerar todas as nossas possibilidades.

Roger, por outro lado, se mantinha firme, sem expressão, o que significava que ele estava muito pensativo. Observei cada um deles, um de cada vez, naquela sala, suas reações e expressões eram bem diferentes, mas pareciam mandar uma mesma mensagem:

"Sua ideia é maluca, você deveria ser internado, mas é algo que, realmente, pode dar certo."

Encarei cada um deles novamente, me focando principalmente no Roger, que poderia definir tudo ali.

- Só pode estar brincando conosco, não é, Jason Patrick Hunt? - Eu sabia que a Mapa estava furiosa ou indignada comigo quando ela colocava meu nome do meio quando falava comigo. Nesse caso, ela estava as duas coisas.

- Na verdade... Não estou - falei - podemos vencer, temos chance.

- Na lua cheia? Acho muito difícil.

- Ele tem razão - Phil falou, Mapa jogou uma nova expressão de incredulidade para ele.

- Como assim, Phil?! - Ela exclamou, tentando entender aquela ideia absurda.

- Simples - Phil começou - no dia da lua cheia, os lobisomens ficam mais vulneráveis, pois acham que são invencíveis nesse dia e acabam por não se prevenir contra ataques.

Mapa observou Phil, agora mais pensativa que crítica, disfarçando a cara de incredulidade.

- Têm certeza disso? - Ela perguntou.

- Quer perguntar ao especialista? - Falei. Puxei meu celular do bolso e ofereci para ela.

- Seu pai?

- Isso é obvio, Mapa.

- Calma, não precisa dessa ignorância toda. - Ela falou. - Confio em você, se você está falando isso...

- Desculpa - falei, levando uma das mãos à cabeça.

O mau humor me dominava pois, nos últimos dias, eu não consegui dormir direito, tinha sempre os mesmos pesadelos. Meu time de baseball perdendo, Mapa e meus amigos sendo mortos por uma horda enorme de lobisomens, Carol fantasma me perguntando o porquê de eu tê-la deixado morrer.

Mas o meu subconsciente, não satisfeito com o número de pesadelos por noite - achando que haviam poucos sonhos ruins -, decidiu que deveria criar um novo, ainda pior, onde vejo a morte de todas as pessoas que eu amo, e todas as mortes são assassinatos de lobisomens. Para completar, no final do pesadelo, o Alfa se virava para mim e falava: "A morte de todos que você ama é culpa sua, Jason, isso tudo é culpa sua, meu odiado filho." antes de cravar os dentes no meu pescoço e rasgar a minha garganta com o máximo de força possível, arrancando, inclusive, os ossos, fazendo muito sangue jorrar e se espalhar, até minha visão embaçar, que era quando o pesadelo acabava.

Tudo era tão real, principalmente o pesadelo mais novo, que eu acordava com as duas mãos no pescoço, suando frio e gritando. Gawain odiava quando isso acontecia, até porque ele dormia bem perto de mim, numa barraca que ficava bem ao lado da minha.

- Desculpado - Mapa falou.

Roger olhou para mim, então se aproximou mais e pude ver todas as rugas, pés de galinha e olheiras em seu rosto. Para um homem que estava sempre bem vestido, sempre bem-cuidado, aquela aparência era algo bem preocupante. Cheguei a conclusão de que ele observava as olheiras em meu rosto.

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora