5. O Jogo

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O domingo foi marcado pelo jogo de Baseball entre as duas escolas de ensino médio da cidade de Naples, o meu time estava perdendo e era nossa vez de rebater e só tínhamos o Gabriel Bayer na segunda base e o Vinicius na primeira.

Estávamos perdendo por dois e o treinador estava indeciso se mandaria o pior batedor do time pra aceitar a derrota ou o melhor batedor pra tentar a vitória.

- Treinador, me manda! - Gritou a Mapa do meu lado.

- Não, deixa que eu rebato! - Gritou Aisha Banes, uma menina que todos chamavam de Tomate e até hoje não entendi o motivo desse apelido.

Até que Gabe Almed se levantou do banco e pegou o bastão de baseball da minha mão, se dirigindo até o treinador.

- Eu vou - foi tudo o que ele disse. Todos olharam impressionados para ele, o garoto caminhou até a base principal do campo em forma de diamante.

Ao chegar na base, ele se posicionou para rebater.

O arremessador do time adversário estava se posicionando no centro do "diamante". Almed era uma promessa de Home Run. Basicamente, a nossa carta na manga.

No primeiro arremesso, Almed quase acertou a bola, mas levou o primeiro strike.

No segundo, ele passou mais longe, todos ali estavam apreensivos. Levou o segundo strike.

O terceiro arremesso foi o da sorte. A bola voou tão alto que, por um tempo, as pessoas não puderam vê-la. Mas a bola bateu na cerca antes de cair do lado de dentro do campo. Nesse meio tempo, Almed já estava correndo para a segunda base enquanto Bayer chegava à principal e Vini se fixava na terceira.

Quando os defensores conseguiram pegar a bola, Vini já chegava na principal, mas Almed se fixou na terceira base. O que dava a chance para mais um rebatedor.

O jogo estava empatado. Precisávamos de apenas mais um que rebatesse a bola e desse tempo suficiente para Almed chegar à principal. E talvez por isso ele tenha me chamado.

- Hunt! - Gritou o treinador, e eu estava do lado dele.

- Estou bem aqui, treinador - falei, ele olhou pra mim sorrindo e segurou os meus ombros.

- Apenas rebata essa maldita bola longe por tempo suficiente para que o Almed possa chegar à base principal, certo? - Ele me disse.

- O.K., eu consigo fazer isso.

Me aqueci e peguei meu taco de volta, que estava bem onde Almed havia jogado e corrido. Me posicionei para a rebatida. O cara da defesa atrás de mim fazia certas provocações, mas eu nem ligava.

A primeira bola foi repentina, eu nem a vi, minha mente se ocupou com imagens de Letícia Peterson morta, na verdade, viva. Pensei ter visto ela na arquibancada.

Mas a segunda bola foi a que mais surpreendeu. Claro que também não a consegui rebater, mas na arquibancada estava a garota dos meus sonhos, literalmente. A garota de cabelos dourados e sorriso perfeito que me derretia estava bem ali, naquela arquibancada. Fiquei estarrecido por um momento, mas o juiz chamou a minha atenção de volta pro jogo. À essa altura, o treinador me xingava de tantos nomes feios que eu não poderia colocá-los aqui nesta história.

Me concentrei, sabia que não poderia rebater a bola normalmente com minhas poucas habilidades humanas, teria que apelar. Lembrei do que a Mapa falou, de respirar fundo e me concentrar. O som, barulho de gritos da torcida e do treinador foram diminuindo, quando abri os olhos vi que o arremessador tinha acabado de arremessar a bola, mas quando compreendi o que estava acontecendo, não consegui acreditar.

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora