Prólogo

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Acordei no susto com o toque repentino do celular.

Olhei o despertador no criado-mudo, ao lado da cama: eram três da manhã.

- Alô? - Minha voz estava rouca, meio grogue.

Os remédios pra dormir ainda estavam perto do copo onde deixei noite passada, não foi preciso tomá-los, o cansaço e as lágrimas me apagaram num sono pesado e, graças a Deus, sem sonhos.

- A encontramos. - Um homem disse do outro lado da linha.

Aquelas duas palavras provocaram um reboliço dentro do meu peito. Há um mês eu desejava ouvi-las... Há um mês eu as esperava.

Achei até que era um sonho. Precisei me beliscar.

- Onde ela está? - Foi o que consegui perguntar, lutando contra as lágrimas que se formavam em meus olhos.

- Hospital Heidi. No centro. - Foi a resposta.

Desliguei sem ao menos agradecer ou dizer que estava indo... Eu apenas fui.

As ruas estavam escuras e frias naquela madrugada. Silenciosas? Não. Meu coração acelerado e meu choro não deixaram o silêncio entrar naquele táxi.

Não demorou muito pra chegar ao hospital. Entrei sem delongas, encontrei Dominique, meu irmão no caminho.

- Onde ela está?

- Quarto 707. Um coveiro a achou dentro da igreja. Estava machucada e apagada.

- O que... fizeram com ela?! - Minha voz parecia um clamor.

- Não sabemos.

Subimos de elevador ao sétimo andar, onde ela estava. O clima era bem tenso, uma mistura de dor e medo. Quis sair dali, mas não pude.

Sabe... Eu fiquei um mês procurando por ela. Um mês me culpando por seu sumiço. Eu sei que nunca me perdoarei, mesmo se ela seguir uma vida normal. Eu não ficarei bem. Jurei que ficaríamos juntas e eu a protegeria... Mas eu não pude fazer isso.

Entrei no quarto e voltei a chorar.

Lá estava ela, machucada.

- Vih... - Sua voz era fraca, mas tinha um alívio.

Não sei se foi meu desespero ou sei lá o que, mas quando a vi corri em sua direção. Eu precisava dela.

Talvez até mais do que ela precisasse de mim.

Não importa. Eu precisava dela.

Ceci...

Amor entre mundos (Readaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora