Acordei meio confuso e dolorido.
— A Cecília ainda está lá dentro! - Eliza chorava.
Olhei para o bloco Norte. Ainda estava em chamas.
— Olhos Castanhos...
Algo em meu peito doía.
— Suzuki! Congela! - Escutei alguém dizer.
- Jonathan... - Sussurrei. O que o sequestrador da Cecília fazia aqui?!
Tentei salvá-la mas caí logo em seguida.
Droga... Minha perna.
O Dragão de Jonathan soprou vento gelado sobre o bloco. As chamas maiores se apagaram, deixando apenas fagulhas. Então ele entrou, procurando por ela.
Droga... Eu sou seu mestre. EU devia salvá-la.
- Ramon, você está bem? - Uma mão pousou sobre meu ombro.
Era Morgana.
- Era meu dever... protegê - lá.
- Não. Seu dever é treiná - lá. O dever DELA é protegê - lo. E foi o que ela fez. Tanto que você está aqui. São e salvo.
Ela me salvou.
Me sentia tão inútil por ser protegido por uma garota humana.
Não demorou muito até Jonathan sair carregando Cecília. Ela desceu do seu colo ao me ver.
- Sua idiota! - Levantei irado. - O que pensa que está...
- Ramon!
Seu abraço me pegou desprevenido.
- Você está bem... Ainda bem que está bem. - Ela chorava.
- Cecília...
- Eu não iria suportar... Te perder também.
Suas lágrimas molhavam minha roupa e me deixavam meu coração partido.
A abracei forte.
- Não me assuste assim. - Sussurrei em seu ouvido. - Por favor.
Ela me abraçou ainda mais forte. Mas foi ficando fraco...
- Olhos Castanhos?
Então ela desmaiou.
- A perna dela esta machucada. - Ouvi Jonathan dizer.
Olhei para perna dela. Sangrava. A peguei no colo como uma criança.
- Obrigado. - Disse a ele. - Por ter nos salvado.
- Estou a seu dispor, Alteza. - Ele disse, subindo no dragão. - Diga a ela que venho visitá-la em breve.
E então ele decolou.
- Todos estão bem? - Perguntei.
- Aqueles com queimaduras e ferimentos foram para a enfermeira. E os demais voltaram para os alojamentos. - Benito explicou. - Quer ajuda?
Neguei.
- Podem ir... eu cuido dela agora. Obrigado por tudo.
Segui para o quarto. Meus amigos me seguiam, mas cada um seguia seu rumo.
- Mano?
Olhei para trás. Era Agnes.
- Agnes... Você está bem?
Ela assentiu.
- Ela vai ficar bem?
Sorri.
- Ela é forte. Vai ficar bem.
- Fico feliz. - Ela sorriu também. - Papai e mamãe já foram pro alojamento com os meninos.
- Vou cuidar dela agora. Volte para seu quarto também.
- Boa noite.
- Boa noite.
Subi as escadas e entrei no quarto. Olhos Castanhos ainda dormia em meus braços.
Sua boba... por que arriscou sua vida para me proteger?
A coloquei delicadamente sobre a cama e observei sua perna. Estava cortado, não era fundo mas limpei logo, para não infeccionar.
Tirei sua capa e a pendurei. Com um pano molhado limpei seu rosto e seus braços.
- Pronto, minha pequena.
Ela parecia um bebê dormindo.
Peguei o pano e me limpei, fiz curativo nos meus cortes e tirei meu terno, ficando apenas de calça.
Estava exausto quando deitei ao seu lado na cama. Não dormíamos na mesma cama. Ela dormia num colchão, ao lado da cama. Mas hoje eu não iria deixá-la dormir no chão.
Estávamos tão perto... Eu podia sentir seu cheiro, era tão bom. Enquanto ela dormia pude olhar seu rosto de perto, como no dia em que ela chegou. Ela era linda.
- Por que você não pode ser apenas igual a mim... por que tinha que ser justo um servo?Acariciei seu rosto com os dedos; desci meus dedos desde sua orelha até seu pescoço. Seus lábios eram rosados, com o formato perfeito.
E se eu... der um beijo?
Aproximei meu rosto do seu, sendo cuidadoso para não acordá-la; minha mão estava em seu pescoço, fazendo - lhe carinho. Nossos lábios estavam prestes a se tocar quando senti algo em seu pescoço.
- O que é isso?
Puxei o fino cordão e peguei o medalhão que se prendia a ele.
- Mas o que...
O medalhão de Linut. Mas como? Estava perdido há anos.
- "Sou aquele que foi invocado pelo primogênito do Rei do fogo. A ele devo lealdade e respeito. Faço de mim seu servo." - Podia-se ler atrás do medalhão.
Ela era predestinada a mim. Não como mulher, mas como Serva. Virei para o outro lado da cama, confuso.
Eu não podia ficar com ela.
Levantei da cama e fui ver papai. Eu já sabia o que fazer.
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Amor entre mundos (Readaptação)
DiversosEnquanto ele vive num mundo de magia, ela vive no mundo real. Eles não se conhecem. Mas por coincidência ou não, suas vidas se cruzarão.