Lindsay

Capitulo 8

~Ligação On~

-Alô? Biel? Onde você ta? - pergunto.

-Não se preocupa Lindy, eu to bem, não posso falar agora, beijos - Gabriel vai desligando.

-ESPERA BIEL!!! - berro no outro lado da linha - não vem pra aula, não hoje pelo menos, o Luighi ta aqui.

-Tudo bem, eu meio que já sabia disso - sua voz fica fraca - você e Sam podem ir no Dominict's hoje de tarde? - Biel pergunta - preciso falar com vocês - uma pausa - urgente.

-Tudo bem - respondo - beijos, se cuida, tá?

-Ta bom maninha, te amo.

~Ligação Off~

Contei a Sam que ficou um pouco pensativa, eu também estava pra falar a verdade, não tem como não ficar, Gabriel está estranho e não é de hoje. Preciso saber o que está acontecendo.

As aulas demoraram uma eternidade, Luighi e Catarina vão estudar novamente na minha sala, pelo menos não sentaram perto de mim e de Sam.

Eu não consegui prestar um pingo de atenção no que os professores falavam, eu estava distante, pensando em todas as opções do que poderia estar acontecendo com Biel. Só espero que não seja nada muito grave.

Quando deu a hora de ir eu estava completamente ansiosa esperando Sam terminar de copiar o que o professor tinha acabado de passar.

Saímos do colégio em direção ao Dominict's que é uma lanchonete/restaurante famosa entre os jovens daqui.
Biel estava sentado numa mesa bem no fundo, a ultima. Brincava com os dedos e assim que nos viu abriu um sorriso e se levantou.

-Nem pra dar um sinal de vida - falei e logo em seguida abracei-o.
Sam fez o mesmo e então nós sentamos e fizemos nossos pedidos - conta tudo Gabriel - olhei séria para ele - agora.

-Não me assusta, doida - ele deu um pequeno sorriso amedrontado - é o seguinte, o Luighi vem me fazendo ameaças novamente, envolvendo minha família - ele começa a explicar baixo - não posso deixar que aconteça nada de ruim com eles - uma lágrima cai - é o meu bem mais precioso.

-Porque não denuncia ele pra polícia? - Sam pergunta.

-Eu não posso Sam, quando ele descobrir que fui eu quem denunciei-o, ele me mata, os capangas dele ficam de olho a cada passo mal dado meu e também não é tão fácil assim, eu não tenho provas o suficiente, se eu mostrar as mensagens que são anônimas, os policiais não vão fazer nem questão de investigar, é o Luighi, esqueceu? - Biel apóia os cotovelos na mesa e abaixa a cabeça entre os braços - mas eu tomei uma decisão.

-E qual seria? - eu pergunto com medo da resposta.

-Eu e minha família vamos - ele levanta o rosto para nos encarar - nos mudar.

-O que??? Como assim? Para de brincadeira Biel - eu praticamente grito.

-Não faz escândalo Lindy, vai doer pra vocês, eu sei, ta doendo muito aqui pra mim também, mas tem mais uma coisa - Biel olha sério pra nós duas - por favor, não gritem, mas eu vou me privar, eu e minha família.

-Como assim Biel? - Sam tira as palavras da minha boca.

-Eu vou sair daqui, vou para um certo lugar, vou trocar de número, de carro, casa, roupas, tudo! Não vou mais falar com ninguém daqui, entenderam?

Eu estava boquiaberta, e pelo jeito não era a única, Sam não emitia reação alguma.

-Em outras palavras, você vai se livrar de nós? Vai jogar todos os nossos anos de amizade no lixo Gabriel - eu começo a chorar - é isso?

-Não, não é isso Lindy, vocês acham que pra mim está sendo fácil? Me afastar de todo mundo por causa de um panaca? Eu odeio seguir as ordens dele, vocês sabem, mas agora é diferente, é caso de vida ou morte - ele fala sério, segurado o choro - e tudo que eu mais preciso agora, é do apoio de vocês minhas irmãs de coração - uma lágrima escorre - por favor, tenho poucos dias aqui com vocês.

O nosso pedido chega, e o garçom nos olha estranho, por motivo de nós estarmos chorando.

O resto do almoço foi em silêncio, cada um processando as informações que acabaram de ouvir.

-Então meninas, como não posso ir pro colégio, não quero perder aulas, vou me mudar depois de amanhã, não quero ninguém no aeroporto - Biel toma o último gole do refrigerante - quero uma tarde com vocês duas amanhã, uma tarde só nossa.

-Tudo bem, pode ser lá em casa? - pergunto.

-Pode sim Lindy - Biel responde.

Saímos da lanchonete cada um para sua casa, cheguei na mesma, joguei minha mochila num canto do meu quarto e desabei, não aguentava mais segurar o choro, eu não acredito, isso não passa de um sonho, acorda Lindy, acorda.

Enganada estou, isso não é um sonho, é a realidade, poxa meu deus, por que isso comigo? Justo o Gabriel, justo ele.

Eu quero o bem dele e da família dele, lógico que quero, mas quero também ele perto de mim, ouvindo seus conselhos, desabafando, brincando, chorando...

Eu só espero que o ditado seja feito "tudo que vai, volta".

Terça-feira chegou, e logo o pensamento de que seria o último dia que eu me divertiria com Gabriel.

-Então, o que vamos fazer? - Já era de tarde, Sam havia almoçando em minha casa, e estávamos só nós 3.

-Tem tanta coisa... - Falei.

-Por favor, joguem de lado essa tristeza e vamos nos divertir. - Biel propõe.

-Tudo bem, vamos ver um filme - falo.

Eles concordam e vão escolher um filme numa locadora que não fica muito longe daqui, enquanto isso vou até a cozinha preparar algumas comidas.

Faço pipoca, pego refrigerante e algumas balas e chocolates.
Eles chegam e então começamos a assistir um filme de comédia.

Rimos muito durante o filme e quando ele acaba vamos direto para a piscina e ficamos umas boas 2 horas por lá.

Nós nos arrumamos e fomos até o shopping, nos dirigimos até aquele parque que somos apaixonados, apesar de lá ter pouquíssimas pessoas da nossa idade, até porque é um parque de crianças, eu acho.

Jogamos, brincamos, nos divertimos muito, nossa, melhor tarde da minha vida, porém chegou ao fim, vamos até a casa do Biel se despedir dos pais dele.

Já estava tudo encaixotado, e com uma placa de "vende-se" na frente do terreno, deixei uma lágrima cair mas logo limpei e acho que ninguém percebeu, entrei e fui correndo abraçar a tia Vívian, ela sempre foi muito gentil e querida comigo, desde a primeira vez que fui ali. Olhei cada canto da casa e parei no quarto de Gabriel, observei cada detalhe do quarto para nunca mais esquecer, feito isso fui correndo me abraçar com Sam e Gabriel que estavam assim a um tempo.

-Eu amo vocês! Nunca esqueçam de mim- Gabriel pede chorando

-Eu também, jamais vou esquecer - falo.

-Jamais - Sam repete.