Capítulo 4

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Emma's POV:

Sinto uma claridade bater de leve nos meus olhos e me viro na cama, puxando minhas duas cobertas até meu pescoço. Meu cérebro entende que já está amanhecendo, mas meu corpo não quer levantar da cama de jeito nenhum! Meia hora depois – o que pareceu ter sido dois minutos de sono – ouço o bip agudo e irritante do meu celular despertando, e quase o derrubo ao agarrá-lo ainda de olhos fechados.

Um barulho de xícaras vem da cozinha. Meg já está de pé! Saio debaixo dos cobertores tremendo de frio, e visto rapidamente meu roupão, me olhando no espelho do meu quarto. Estou horrível! Minhas olheiras ainda não saíram por completo, e desde que Victor terminou o namoro comigo não consigo colocar nenhum alimento de verdade na minha boca. Só de pensar em comida me dá ânsia, e meu estômago se contorce. O máximo que eu ingeri neste tempo foi café puro e iogurtes, que eu conseguia comer apenas por ser cremoso e gelado – descia diretamente pela minha garganta dolorida.

Saio do quarto e caminho até a cozinha.

Ontem não tocamos mais no assunto do trabalho, tampouco no que a idiota da Chelsea havia feito. Apenas falamos sobre a Universidade, e Liam e Harry nos davam algumas dicas sobre alguns professores malucos, e falavam sobre as coisas mais horripilantes que ocorriam nas festas. Harry gargalhava ao contar que as faxineiras contratadas para limpar as sujeiras e a bagunça pós-festa armaram o maior barraco com os estudantes porque, segundo elas, havia litros de esperma em cada canto dos banheiros. Torci o nariz de nojo e fiz uma careta ao ouvir isso.

Até que Harry não é tão estúpido como parece ser. Desde a primeira vez em que o ouvi abrir a boca, pensei que fosse um daqueles caras que esquecem o cérebro na academia e se acham o máximo com deboches e rebeldia; que provavelmente era o "bully" na época da escola e ainda se sente como um na faculdade, com seu grupinho de valentões e... vadias, como ele mesmo disse. Mas depois de ontem, senti que ele não é tão mal assim... Bem, um pouco, mas quando ele falou a sua ideia de Romeu e Julieta, não imaginava nem um pouco aquelas palavras saindo de sua boca – como ele mesmo disse – suja. E ele também me pareceu muito simpático comigo quando estávamos em meu quarto... Mas notei que ele viu as fotos dos meus pais e o escrito "saudades" sobre uma delas, e sentiu uma certa compaixão por mim, por isso estava sendo legal também. Pude notar em seus olhos verdes a maneira como tentava me animar. Estranho... Por algum motivo, estou achando o verde mais bonito que o azul...

- Bom dia! – Olho com cautela para Meg tomando seu café, enquanto engulo minha pílula anticoncepcional com a ajuda de um copo d'água. Será que ela está zangada comigo? Não agi muito legal com ela ontem...

- Oi! – Ela retornou. Senti frieza em sua voz. Sim, ela está zangada comigo.

- Meg... – Comecei, colocando uma fatia de pão na torradeira. Pelo menos uma fatia eu vou me obrigar a engolir. – Me desculpa a maneira que estava falando com você ontem... Eu não estava muito legal!

Ela revira os olhos e suspira:

- Olha, Emma... Eu imagino o que você está passando... – Não, você não imagina! – Sei que você amava muito o Victor, mas você tem que parar de descontar todo o sofrimento do término do seu namoro nas pessoas a sua volta... E em você mesma! – Ela diz, levantando a voz em tom de alerta. – Eu sei que faz pouco tempo que aconteceu isto, mas... Você precisa ser forte, tentar se animar, não ficar pensando naquele imbecil que só te fez sofrer!

Ela tem razão, de fato! Mas a sensação que eu tenho é a de que não possuo mais forças desde que meus pais faleceram! Consegui superar a morte deles e seguir em frente, mas o pequeno frasco que continha toda a minha força esvaziou-se desde então. Não era possível acontecer mais uma desgraça comigo... Mas aconteceu!

White Flowers |H.S.|Onde histórias criam vida. Descubra agora