Capítulo 17

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Sento-me na sarjeta do gramado que envolve toda área externa do motel. Meu celular permanece em minha mão, com as mensagens de Harry abertas, mas não tenho coragem de visualizá-las.

Minha respiração torna-se mais lenta conforme as lágrimas vão caindo, e a única coisa que vem em minha mente é:

Estou fodida!

O cheiro forte do gramado recém-regado me causa náuseas, e a imagem horripilante de Sebastian me vem à cabeça. Seu olhar de cobra me fitando em silêncio, enquanto retirava seu pênis de suas vestimentas, me causa ao mesmo tempo enjoo e tontura.

Meu estômago pesa. Pesa demais. O desconforto é imenso... Não vou aguentar!

Viro-me rapidamente em direção ao gramado, onde começo a despejar tudo o que havia no meu estômago. Ao perceber que estou vomitando apenas suco gástrico, lembro-me que não comi absolutamente nada antes de vir para cá.

Não há uma alma viva sequer por aqui. Tirando o prédio enorme do motel atrás de mim, estou literalmente no meio do mato.

Me limpo com alguns lencinhos que por sorte estavam dentro da minha bolsa – acho que sou o tipo de pessoa que sempre deve andar com lencinhos de papel –, e me afasto do cheiro horrível do meu próprio vômito, sentando-me na outra ponta do gramado.

Encaixo minha cabeça entre meus joelhos, e inúmeras cenas passam em flashes pela minha mente, me deixando zonza.

Minhas salivas se unem novamente ao me lembrar do olhar trevoso de Sebastian e do sarcástico e calculista de Charlie.

Como Sebastian fez aquilo? Eu sou tão idiota assim, ou ele é um mestre em matéria de disfarce? Seu porte no Green Park era tão educado, tão doce... Parecia até mesmo que ele estava se sentindo culpado por estar traindo a esposa, através de suas expressões.

E já no motel, se revelou um grande... Rato nojento! É essa a imagem que vem à minha cabeça. Dois ratos de esgoto me tocando, me batendo...

Mais lágrimas invadem meus olhos. Nunca havia me sentindo tão humilhada em toda minha vida. Nem mesmo meus pais levantaram a mão para mim, sequer uma única vez! Meu rosto ainda deve estar vermelho em ambos os lados.

Ainda estou com a cabeça e o corpo mole, desde o momento em que o francês apontou a arma para mim. Não sei bem o que houve comigo, mas me travei inteira naquele momento. Meu cérebro entrou em transe, e eu nem sei mais se estou processando tudo lento ou rápido demais.

Respiro fundo, finalmente me erguendo. O vento balançando os pinheiros ao redor de onde estou me deixa mais calma.

Agradeço à minha própria mente por ter me livrado de continuarem o ato, ao mentir que sou virgem... E por alguns minutos, pensei que estava salva. Mas não estou.

Um calafrio me invade ao lembrar-me das últimas palavras de Sebastian.

Como ele tem essas informações sobre mim? Como ele sabe de Meg? Penso em atirar meu celular no rio... Como se fosse resolver o problema!

Pelo visto, eu tenho alguma utilidade muito importante para eles e o suposto negócio que têm em conjunto, sendo uma "virgem"... A expressão de ambos no momento em que eu disse aquilo pareceu revelar muita coisa! Pareciam ter em mãos uma preciosidade rara... Não faço ideia do que pretendem fazer, mas se resolveram me manter "virgem", com certeza irão voltar para usar essa preciosidade da maneira que bem entenderem, e da qual eu não faço a mínima ideia.

Passo o dedo sobre a tela do meu celular, e a única coisa que vem à minha mente é: "Socorro!".

Não vou me atrever a ligar para a polícia, nem sequer pensar em denunciá-los, pois mesmo se Sebastian estiver mentindo sobre a amizade deles com as autoridades, não quero me arriscar a mais nada!

White Flowers |H.S.|Onde histórias criam vida. Descubra agora