Capítulo 18: A história de Thomas

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- As tuas memórias voltaram? - sussurrou Newt, muito entusiasmado.

- Sim... mas...

- Mas o quê?! Isso é ótimo! Diz-me como era a vida lá fora?

Uma lágrima seguida de outra caíram pelo rosto do rapaz ainda deitado.

- Era perfeita...

- Thomas? Porque choras? O que se passa? - perguntou o amigo, preocupado.

- É que passou tanto tempo...

Newt não estava a perceber nada, cada palavra que saía da boca de Thomas apenas o fazia ficar ainda mais confuso. Por fim, Thomas levantou-se.

- Sempre...

Não terminou a frase, apenas correu o mais rápido possível para o mais longe dali. Na cabeça de Newt só existiam pontos de interrogação, ele achava que o amigo tinha-se passado de vez.

"Thomas... que raios se passa contigo?! O que foi isto?!" pensou.

Newt queria ir atrás do amigo, e saber como o ajudar, mas temia que só fosse fazer pior afinal, o que quer que se estivesse a passar na cabeça de Thomas não era da sua conta, ou pelo menos era o que ele achava.

Esperou e esperou, e quando pensou em ir atrás esperou mais um pouco. Por fim, a meio da tarde o rapaz decidiu procurar Thomas, que tinha corrido para a floresta. Não esperou encontrar o amigo logo após andar 2 minutos, imaginou que Thomas não quisesse ser encontrado e que por isso se teria dado ao trabalho de se "esconder" melhor.

- Cá estás tu... - disse Newt fazendo aquele sorriso.

- O que se passa? O que queres? - perguntou Thomas enquanto esfregava o olho.

- O que se passa?! Isso pergunto-te eu! Saíste disparado para aqui... Fiquei preocupado contigo sabes? - respondeu Newt, um pouco irritado.

- Estou bem, só precisava de um tempo para assimilar tudo isto. - respondeu Thomas.

- Queres falar sobre isso?

- Não sei se devo... Prometes não dizer a ninguém?

- Prometo.

- Está bem. Então acho que vou começar do principio. Nunca fui de me queixar da minha vida, até porque não a considero tão miserável assim, pelo menos não naquela altura. Eu tinha uma familia bestial e amigos cinco estrelas, infelizmente as minhas relações nunca foram daquelas super perfeitas se é que me estás a entender...

- Sim, estou a perceber...

- Um dia as coisas mudaram, eu conheci uma pessoa e apaixonei-me por ela, foi como se fosse instantâneo. Dias depois descobri que estavamos na mesma turma, ficamos amigos e cada vez mais proximos. Desde o início que soube que não era algo da minha cabeça, o sentimento vinha dos dois lados. Nunca fui tão feliz na minha vida, aquela pessoa realizava-me a 100%.

- E o que aconteceu?

- O destino aconteceu. Foi horrível... Perdi um dos meus melhores amigos e deixei-me levar na solidão, no medo. Fiquei um pouco obcecado com medo de perder esta pessoa que agora era tudo para mim, mas com a sua ajuda recuperei a esperança e comecei a viver novamente. A minha melhor amiga sempre esteve lá para mim tambem, mas desde que tinha começado a namorar acabei por me afastar dela, ás vezes não temos controle sobre essas coisas, acabam por acontecer...

- Desculpa perguntar, mas o que aconteceu ao teu amigo?

- Morreu aqui.

- O que? Morreu aqui? Como sabes isso? Quem? Como?

- George.

Fez-se um silêncio profundo.

- Na altura ele tinha sido dado como desaparecido, e agora sei que ele acabou por ser trazido para cá. E não foi o único...

- Conheces mais alguem?

- Sim, mas deixa-me continuar a contar... Certo dia, eu e essa pessoa tão especial decidimos jurar para todo o sempre que jamais nos iríamos esquecer e assim, gravámos as nossas iniciais...

Newt sentiu o seu coração a apertar e a bater cada vez mais rápido.

- Foi uma promessa que não durou muito tempo... Perdi a pessoa pouco depois disso.

Cabisbaixo, Newt deixou uma lágrima cair.

- Depois disso todos tentaram ajudar-me, uns mais que outros. Durante muito tempo não percebi o porquê da minha tatuagem ter infetado assim tão de repente, mas agora compreendo... foi após a outra pessoa ter decidido esquecer-me, eliminar-me da sua vida, quebrando a nossa promessa. Sempre e par...

- PARA! Porque não dizes logo? - gritou Newt, levantando a cabeça mostrando a sua cara completamente lavada em lágrimas - diz logo que essa pessoa sou eu! Acaba com isto!

- Não, essa pessoa não és tu. Essa pessoa decidiu morrer, e conseguiu.

Fez-se silêncio novamente, Thomas sorriu, com um pouco de maldade e repetiu:

- Sempre...

- ... e para sempre. - terminou Newt.

- Vê se não te esqueces desta vez. - Após dizer isto, Thomas dirigiu-se para a Clareira virando as costas para Newt.



NEWTMAS 2: O teste do LabirintoOnde histórias criam vida. Descubra agora