Prólogo

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Rose estava sentada sobre a cama, encarando o grande nada de paredes brancas em que o seu quarto havia se transformado. Aos seus pés, duas malas grandes e uma frasqueira repousavam. A sua volta, nada mais parecia existir.

Encarou o teto tentando evitar que as lágrimas teimosas escorressem: não podia demonstrar fraqueza, deveria ser forte, não só por ela, mas, também, por Summer e por seus pais.

E se era difícil acreditar nos acontecimentos das últimas 24 horas, era ainda mais inimaginável aceitar que aquilo estava acontecendo. E que a sua família tinha perdido um pedaço.

Era verdade que não morava mais com eles e que muita coisa tinha mudado naqueles sete anos, mas o amor que os Weasleys sentiam um pelos outros sempre falava mais alto, independente das turras, dos problemas e das divergências de opinião. Rose não queria encarar a realidade, não queria voltar para o lugar que a tinha feito tão mal. Mas era necessário. Ela devia isso a sua família e, sobretudo, a seus pais. E a Lily também.

Pensar na prima - quase cunhada, na verdade - fez seu coração se comprimir ainda mais. O choro eminente quase rompeu, mas foi impedido por uma batida tímida na porta marrom.

Rapidamente, ela passou as mãos sobre os olhos, e respirou fundo, tentando encontrar um pouco de tranquilidade. Em seguida, disse em voz baixa:

- Pode entrar.

A porta rangeu e, por ela, uma menina de quase meio metro, miúda e magrinha passou. Rose sorriu meio surpresa; tinha pensado que era Dominique com outra xícara de chá.

- Sunny, o que faz aqui? - Rose questionou, a chamando suavemente com a mão.

- A madrinha terminou de me ajudar com as minhas coisas. - Ela respondeu baixinho, procurando uma brecha nos braços de Rose para que pudesse se enganchar no abraço dela.

- E então você resolveu vir atrás do abraço gostoso da sua super-mãe? - Rose perguntou, a colocando em seu colo e acariciando suavemente os cabelos ruivos da criança. O silêncio de Summer nos minutos seguintes alertou-a de que algo não estava bem. - Você está com medo de alguma coisa, amor?

Summer ergueu os olhos cinza e profundos para ela. Estavam marejados.

- O que aconteceu com o tio Hugo? - Ela perguntou. Sem saber, a pequena garotinha despedaçava o coração da sua mãe com aquela pergunta tão inocente e, ao mesmo tempo, tão pertinente.

Rose respirou fundo e escondeu por alguns segundos o próprio rosto contra o pescoço da filha. Como poderia explicar algo que nem ela havia compreendido ainda?

- Seu tio foi morar com os anjos, pequena. - Ela respondeu um tempo depois. - Pessoas malvadas fizeram mal a ele e seu tio precisou ir embora.

- Mas por que ele não se despediu? - A menina questionou encarando a mãe nos olhos. - Como a gente vai ver ele agora?

Rose inspirou novamente, devolvendo o olhar profundo que Sunny lhe mandava.

- Eu sei que é difícil de você entender agora, mas nós não vamos mais ver o seu tio. - Rose explicou pacientemente. - Ele morreu. E quando as pessoas morrem, elas vão para um lugar em que a gente não pode ir.

Sunny ficou confusa por alguns instantes, tentando entender o que a mãe lhe explicava.

- Então, se nós não vamos ver o tio Hugo, por que nós estamos indo embora?

Rose tirou a menina do seu colo e se ajoelhou ao seu lado, para ficar da sua altura.

- Seus avós e a tia Lily estão muito tristes. E nós vamos ficar com eles. Precisamos uns dos outros nessas horas.

Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)Onde histórias criam vida. Descubra agora