Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)

XII - How Long Will I Love You

How long will I love you?
As long as stars are above you
And longer if I can

Naquela manhã de outubro, os primeiros indícios de frio já estavam presentes. Lá fora, um vento frio e barulhento soprava, fazendo com que as folhas secas das árvores se desprendessem de seus galhos e dançassem com ele de acordo com sua vontade. No céu, não havia sol e uma fina neblina cobria todos os lugares que os olhos de Ronald Weasley alcançavam pela janela de seu quarto.

Ele acordou diferente naquele dia, diferente de todos os dias que sucederam a morte de Hugo. E de todos os dias que sucederam a partida de Rose. E ele sabia que parte daquela mudança estava na pequena criatura de cabelos ruivos tão parecida com sua filha, com quem ele tinha tido o primeiro momento de verdade na tarde anterior.

Summer... Aquele nome ecoava em sua cabeça e em seu coração ferido. Estava resignado. Queria continuar repelindo a criança, exatamente como fez com sua filha durante todos aqueles anos, mas seu coração não o deixava se esquecer do sorriso sapeca e do olhar assustado. Ela era tão parecida com Rose... Os modos, o jeito de andar e mexer com as mãos... Até mesmo a maneira como ela tirava o cabelo do rosto o lembrava da filha. Ainda tinham os olhos, é claro. Ele não era tolo de sequer pensar que alguém de sua família, ou da de Hermione, tivessem olhos como os daquela criança. Mas esse pequeno detalhe, de maneira alguma, a deixou menos encantadora aos olhos daquele velho turrão.

Talvez ele nunca tenha se aproximado exatamente por isso: porque sabia que, se aquela criança sorrisse pra ele da maneira como ela sorriu e o abraçasse como ela o abraçou, seu coração se derreteria por ela. E ele acabaria se rendendo e se permitindo se apaixonar perdidamente por aquela criaturinha que, o fundo do seu eu sabia, não tinha culpa dos seus problemas com Rose.

Afastou-se da vidraça para encarar a cama vazia. Hermione já havia saído para trabalhar sem se dar ao trabalho sequer de acordá-lo. Mas aquilo já havia se tornado rotina, afinal, eles mal se falavam, e quando o faziam, acabavam trocando ofensas e magoando um ao outro.

Ele sempre teve o emocional do tamanho de uma colher de chá, como Hermione milhares de vezes enfatizou, mas esse seu pequeno defeito nunca tinha se colocado como um muro entre ele e sua mulher. Sua insensibilidade, o impediu de consolar sua mulher quanto a morte do filho. E o impediu de pedir desculpas por todas as coisas irracionais que disse a ela desde, bem... Ele seria um tolo de afirmar que seu casamento havia entrado em crise depois da morte de Hugo. A partida do filho tinha sido apenas o estopim.

–Droga... – Ele murmurou, apanhando um retrato em que ele e Hermione, muito mais jovens, sorriam para a câmera. O que, diabos, estava acontecendo com eles?

Ronald estava vendo sua vida desmoronar a sua frente. E ele conhecia Hermione bem o suficiente para saber que faltava muito pouco para que ela desistisse dele. E Ronald não podia culpa-la, embora soubesse que não suportaria vê-la deixar tudo o que construíram – e que ele estava ruindo – para trás.

**

Lily não se surpreendeu quando acordou na casa da prima. Ela se lembrava de ter sido levada pra lá por Anthony, de ter levado um quase-xingão de Rose e por ter tomado a porcaria de um café amargo, cujo gosto ainda estava preso no fundo da sua garganta. Levantou da cama devagar, ainda pouco acostumada com a claridade. E sentiu a cabeça latejar de enxaqueca assim que se colocou de pé.

Lentamente, trocou a camiseta surrada que vestia, que reconheceu ser da prima, pelas roupas do dia anterior, e prendeu os cabelos no alto da cabeça. Em seguida, marchou para fora e quase sorriu aliviada quando percebeu que o quarto de Rose estava com a porta fechada. Imediatamente, Lily pensou que, talvez, ainda fosse bastante cedo e a prima não tivesse levantado. E se sua sorte estava daquele tamanho, e ela pudesse sair dali sem ser interrogada, certamente passaria em alguma loteria trouxa para fazer uma aposta.