XIX - Xo

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– Eu tô enjoada, mamãe. – Summer disse, fazendo com que Rose se abaixasse para visualizar a expressão esverdeada da menina.

– Já vai passar, amor. É só o efeito da aparatação. Nós sumimos de um lugar, e aparecemos em outro, viu?

Ainda com a mão no estômago e um pouco zonza, a garota prestou atenção no que Rose dizia e observou a sua volta. Rose apertou sua mão, tentando lhe trazer confiança.

Aqui é a casa do seu papai, tio Scar? – Summer perguntou, olhando boquiaberta para os terrenos da Mansão Malfoy.

Rose também estava espantada. Muitas vezes, durante a adolescência, sonhou com o momento glorioso em que estaria de frente para aquela mansão, de mãos dadas com Scorpius, sendo apresentada como sua namorada. O mundo era realmente engraçado, anos depois, ali estava ela, pronta para ser apresentada não como namorada, mas como a mãe da filha de Scorpius. E vendo uma mansão, quase um castelo, muito maior e majestosa do que seus sonhos de menina jamais conseguiram imaginar.

– É sim. – Ele responde sorrindo, enfiando as mãos nos bolsos das calças. – Você gostou?

Summer ainda tinha os olhos arregalados, olhando, especialmente, para uma das fontes que jorrava metros de água para cima.

– Isso é demais! – Respondeu a menina, afastando-se um pouco dos dois para observar, ainda abismada, a fonte que, de perto, tinha como moradores pequenas criaturas aquáticas coloridas e esquisitas que Sunny jamais tinha visto.

Scorpius desviou os olhos da filha para encarar Rose. Encontrou-a ainda encarando a mansão, que tinha todas as luzes do primeiro andar acesas. Tentou imaginar como a mãe estaria, mas, com toda a sinceridade do mundo, Scorpius não tinha a menor ideia de como Astoria teria reagido a notícia e, muito menos, como ela estaria se sentindo.

– Eu estou com medo. – Rose admitiu tão baixo que Scorpius apenas percebeu porque a observava.

Aproximou-se sorrateiramente, fazendo com que ela olhasse pra ele:

–Onde está a sua coragem, Weasley? – Ela o encarou sem compreender. – Oras, antigamente era preciso mais do que uma reunião da família Malfoy para amedrontar você.

Ela o fuzilou com os olhos, indignada.

– Antigamente, eu não escondi a filha do herdeiro deles por sete anos. – Ela ralhou em voz baixa, cuidando para que Summer não ouvisse. – Não tenho ideia de como vou encarar seus pais. Durante muitos anos, quando estávamos juntos, sonhei com o momento em que nossas famílias ficariam sabendo do nosso namoro, que deixariam uma rixa que começou muito antes de nascermos para trás. Mas agora é diferente, você não está indo me apresentar aos seus pais, nas entrelinhas, você está indo apresentar a Sunny. E eu não tenho ideia de como eles estão lidando com tudo isso.

Scorpius revirou os olhos.

– Vocês, grifinórios, como sempre, preocupados com o que os outros estão pensando. – Ele resmungou. – Vou dizer uma coisa pra você: dane-se o resto. Conte a sua história, e se não for o suficiente para eles, paciência.

Um som alto, de trovão, foi ouvido e Summer veio correndo para perto dos dois, agarrando-se às pernas de Rose, que permanecia estática com a audácia de Scorpius em dizer aquelas coisas pra ela. Scorpius, como sempre, não estava nem aí. Ela precisava daquilo.

Desviando os olhos do céu escurecido pelas nuvens negras que denunciavam a tempestade que chegava, Scorpius sorriu para a menina, oferecendo a mão para que ela segurasse:

– Vamos lá, Sunny, está na hora de você conhecer a tia Astoria e o tio Draco!

**

Aquele quarto parecia uma espécie de cápsula do tempo. Enquanto observava a decoração tipicamente adolescente do quarto do filho – com direito a um pôster encardido do time de quadribol favorito dele e a coleção de mini-vassouras, conservada em um vitral – era muito fácil para Astoria fechar os olhos e imaginar que ainda tinha o filho debaixo das suas asas. Que ele estaria em Hogwarts, onde o maior perigo que corria era durante as aulas de Trato de Criaturas Mágicas, e que, em breve, retornaria para casa para passar as férias. Passariam horas na biblioteca lá debaixo, onde Astoria especularia os mínimos detalhes da vida acadêmica do filho. Ele nunca pareceu desconfortável e, pior que isso, sempre pareceu ser sincero em todas as respostas que lhe dava.

Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)Onde histórias criam vida. Descubra agora