Acordei, senti dores em todo o corpo, como se agulhas estivessem me perfurando, olhei em direção a janela e o mesmo ar sombrio e triste pairava no céu, acordei relutante, pois sabia que seria mais um dia frustrante e de muita luta, aquela sensação rotineira na qual não sabe voltará para casa.
Me sentei na cama, sem nenhuma vontade de levantar totalmente, senti meus longos cabelos ruivos caindo sobre minhas costas, meu corpo mole, minha cabeça pesada, me levantei e fui andando como uma morta viva até o banheiro, tomei um banho e desci as escadas procurando meu irmão, mas vi que já tinha saido. Procurei algo pra comer mas nao tinha nada além de uns pães velhos e café requentado. Bufei revirando os olhos, uma mania muito presente em varias vezes do dia.
Olhava em volta e via no que tinha se tornado a minha vida, sempre, mesmo que logo pela manhã, me via chorando relembrando os maus momentos. Varias imagens passando pela minha mente, minha mãe me dando um beijo na testa de boa noite, meu pai sempre na dele. Ate que ouço a porta abrir e já sei que é meu irmão, imediatamente seco as lágrimas, ele percebe e logo questiona.
- Chorando de novo Maninha??- Não Mike, relaxa.
Mike tem sido o melhor pra mim, um irmão/pai/amigo, tenta me ajudar da melhor maneira possível, me recordo do dia em que virei mocinha, minha primeira menstruação, inesperada, sujou toda minha calça e a reação dele foi hilária, um misto de desespero, surpresa, indecisão e sem saber o que fazer. Eu já tinha uma básica noção do que ensinaram na escola, estava tendo as mesmas reações que ele, mas tentei dar um jeito pra conseguir fazer a coisa certa. Seu método de me proteger de tudo, ciumento, seu amor por mim, nunca poderia agradecer tudo que ele fez. Um jovem que poderia estar badalando, pegando varias, zoando, roubando, se drogando, mas ele estava lá, sempre estudando e trabalhando tentando dar o melhor pra mim, o melhor pra nós.
Ele me abraça e como sempre diz que tudo vai melhorar, mas penso que pode não melhorar. Olho ele nos olhos, fungando e secando as lágrimas com as costas da mão, dou um leve beijo em seu rosto e vejo o homem maravilhoso que ele tinha se tornado.
-Consegui trazer algumas coisas para comermos! - Diz Mike levantando a sacola que tinha cheiro de pão fresco e bolo de cenoura com chocolate.
Fico feliz afinal, meu estômago estava roncando. Me arrumo e vou para escola, tenho um longo dia de aula, e após vou até a praça no centro da cidade para ver meus amigos, sentar nos bancos, trocar ideia, jogar cartas, beber um vinho barato, ter 17 anos não é fácil, um turbilhão de pensamentos incertos vem a mente, sobre o que é certo e errado, a rebeldia, mas eu sou uma menina boa. Estar no ultimo ano do segundo grau me faz ter vários planos, e um deles é mudar de vida, ter uma vida diferente da que vivo agora, realizar meus sonhos e poder ter o melhor, e ajudar meu irmão.
A hora passa lentamente, e como dizia meu professor "parecendo uma lesma com reumatismo", já saio da escola e vejo que começou a chover, então subo a ladeira, já anoitecendo, sinto sempre medo, o mundo tem piorado a cada dia, a qualquer momento você morre por nada, apenas pelo simples gosto que algumas pessoas tem de matar, ou por que você não quis entregar o celular, ou a sua bolsa, moto, carro, etc. A cada década que passa, as coisas pioram, me recordo de serials killers, de seus assassinatos que espantaram o mundo todo. Vou andando espantando qualquer pensamento ruim, ouço passos atrás de mim, olho para trás e não vejo nada, viro a esquina, voltando a olhar para frente e o medo me consome cada vez mais, então escuto algo novamente e paro, sinto uma respiração ofegante em minha nuca, e o medo aumenta, meu coração acelera, sinto que vou ter um ataque, olho para trás e dou de cara com ele.
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Tentando sobreviver #Wattys2016
Mystery / Thriller"-Meu nome é Sophi Cromwell, nasci no Brasil, e me mudei juntamente com minha irmã Dafine para a Flórida, após a morte do meu irmão, Mike. Decidi ser perita criminal como profissão, mas tem alguém atrás de mim, me perturbando, destruindo minha vida...