XII

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Assim que entramos na empresa fomos direto para o elevador e subimos para o vigésimo oitavo andar, onde fica a sala do meu pai, ao lado da minha nova sala.

O dia correu muito bem. Meu pai pediu para o secretário dele me explicar como funcionava e o ajudar com toda a papelada, depois saiu da sala e foi para a mesa dele.

Por volta das 15:30, ouvi alguém bater na porta do escritório.

- Pode entrar - respondi ao perceber que era um dos secretários do meu pai batendo na porta.

- Senhor, o seu pai pediu para te avisar que o seu encontro com a sua noiva é às 16 horas no Restaurante Apsleys, do The Lanesborough Hotel e que você já está dispensado por hoje.

- Onde está o meu pai? Por que ele não me falou isso pessoalmente? - perguntei com um tom preocupado.

- O seu pai teve que sair para uma reunião a alguns minutos e pediu para te falar isso.

- Obrigado Thomas, está dispensado também.

Arrumei as minhas coisas na minha pasta e voltei para casa pensando como seria aquela mulher.

Será que ela é legal? É bonita? Acho que não. Para ela ter aceitado se casar com uma pessoa que ela viu há muitas anos, que é praticamente um desconhecido, ela deve ser uma interesseira.

Eu não sei como ela é e nem quero saber, porque eu vou fazer a vida dela um inferno para ela não querer se casar comigo. Me perdi nos pensamentos e quando dei por mim, o motorista já estava estacionado na porta de casa.

Olhei no relógio e percebi que já eram 15:40, definitivamente eu estava atrasado. Mandei uma mensagem para o tio González, fui até o closet escolher um terno, optei por outro terno com a tonalidade escura e o deixei encima da cama, enquanto fui tomar um banho quente para relaxar um pouco. Depois me vesti e saí no meu carro, dispensando o motorista do meu pai.

Fui direto para o restaurante e quando cheguei a recepcionista que já me conhecia me conduziu até a mesa. Recebi vários olhares mas os ignorei. Antes que eu chegasse até a mesa meu tio se levantou para me cumprimentar. Depois de o cumprimentar, percebi que tinha uma mulher ao lado dele. Ela também levantou, e o Tio foi nos apresentar.

- Anne, esse é Jordan Roberts. Jordan, essa é Anne Perez.

Estendi a mão e a cumprimentei por educação. Nesse momento percebi que ela entrou em um transe e fiquei a olhando-a, e percebi que ela era bonita, mesmo vestida com um vestido azul com um cinto de oncinha bem simples. Quando eu comecei a analisá-la melhor, me pareceu que ela voltou a normal e nos sentamos.

Notei que ela não tirava os olhos de cima de mim, e quando olhei para frente notei que a mulher que me olhava desde quando cheguei no restaurante ainda continuava a me olhar.

Foi nesse momento que tive uma ideia: por que não mandar uma taça de vinho branco para aquela mulher? Seria uma ótima maneira de começar fazer a vida da Anne um inferno.

Qual mulher gostaria de ser "traída" ou de ver seu futuro noivo dar em cima de outra na frente dela?

Chamei o garçom que apareceu prontamente ao meu lado.

- Senhor o que gostaria?

- Gostaria que o você entregasse uma taça de vinho branco para aquela dama da mesa ao lado, e a diga que foi eu que a ofereci.

O garçom fez o que pedi e apontou para mim, para que ela soubesse quem foi. Percebi que ela aceitou a taça e mandou o cartão dela pelo o mesmo, que me entregou depois e percebi também que a Anne não gostou nada disso. Depois disso decidi conversar com ela e irritá-la mais um pouco.

- Oi Anne. Esse é o seu nome, não é? - falei com uma voz de desdém.

- Sim. - ela me respondeu com uma voz irritada, disfarçando um pouco.

- O que você faz da vida, Anne? - Perguntei um pouco curioso.

- Eu fazia faculdade de moda, mas tive que trancar no final do semestre passado e agora estou à procura de um emprego - ela respondeu e logo em seguida perguntou:

- E você?

- Eu estou no 6° semestre de contabilidade e comecei a estagiar na empresa do meu pai - respondi, e quase na mesma hora ela me perguntou, com o tom de voz curioso:

- Desculpa, mas acho que te conheço de algum lugar.

- Pode ter sido de alguma balada? - respondi, mesmo sabendo que aquela não era a resposta.

- Acho que não. Acho que foi há alguns anos. - ela responde.

O Tio González nos interrompeu e contou que nós éramos amigos de infância, e que brincamos juntos até os meus cinco anos, quando os meus pais se mudaram para a Espanha e nossas famílias perderam o contato e eu continuei calado, pois foi a mesma coisa que o meu pai tinha dito nessa manhã.

Continuamos calados até o meu celular tocar quando olhei na tela e percebi que era a minha mãe decidir sair da mesa e atender à ligação.

- Alô mãe? - pergunto um pouco apreensivo.

- Oi filho, eu estou no hospital com o seu pai, não queria interromper o seu encontro com a sua noiva, mas o seu pai foi internado com princípio de derrame e eu tinha que te avisar.

- Não se preocupe mamãe, em que hospital vocês estão? Estou indo para aí agora.

- Nós estamos no National Hospital for Neurology and Neurosurgery que fica na Queen Square.

- Tchau mãe em alguns minutos eu estou chegando aí.

Fui até a mesa para me despedir do Tio, e da Anne, mas não falei nada com eles para não preocupá-los.

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