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Anne

Meus pais viajaram para Paris na noite passada para resolver alguns negócios do meu pai e iriam ficar três dias. E durante esse tempo eu teria que cuidar dos fofos dos meus irmãos.

À meia noite, eu acordei assustada e com um mau pressentimento. Fui para a cozinha tomar um copo com leite, e depois decidi ligar para os meus pais. Mas foi inútil, pois todas as ligações caíram na caixa de mensagem, então decidi gravar uma mensagem

Mãe quando chegar no hotel avisa, estou com pressentimento muito ruim em relação a essa viagem.

Depois de algumas horas e de muito virar na cama consigo pegar no sono.

Pela manhã fui acordada pelos empregados, que viram no jornal que um avião que iria para Barcelona tinha tido uma pane elétrica por volta da meia noite, tinha explodido e caído no mar, e que este avião era o mesmo em que os meus pais estavam, e que até aquele momento só tinham encontrado alguns corpos boiando no oceano e nenhum sobrevivente.

Meu Deus por que isso foi acontecer logo comigo? Por quê? O que eu te fiz meu Deus?

- Maria, onde estão os meus irmãos? - Pergunto à nossa governanta.

- Eles ainda estão dormindo, mas faltam 20 minutos para a hora deles acordarem para irem à escola. - Ela responde com o semblante triste.

- Está bem, então você acorda eles, mas antes desligue todas as televisões da casa. e não deixe eles assistirem, pois não quero que eles saibam de nada ainda, quero protegê-los.

Meus irmãos acordam e vão correndo para o meu quarto me dar bom dia como fazem todos os dias comigo e com os meus pais. Meus pais, só de lembrar disso me dá vontade de chorar.

- Anne, por que está chorando? - Pergunta Heitor, meu irmão mais novo.

- Não é nada, Heitor, é por causa da TPM. - respondo, tentando disfarçar. E com minha resposta ele começa a dar risadas, me fazendo sentir um pouco melhor (embora seja impossível melhorar realmente, já que acabo de perder os meus pais).

Eu chamei a governanta, Maria, e ela veio na mesma hora com Clara e Paula, que são as babás de meus irmãos Lúcia e Heitor, respectivamente.

Eles tomaram banho e se arrumaram para ir à escola, já que é terça-feira.

Eu fiz o mesmo, pois teria uma aula super importante na faculdade, mas nem fui para a aula por causa disso, foi para distrair a cabeça e pensar como iria ser daqui em diante, que depois eu iria resolver tudo para o velório dos meus pais e tomar coragem para contar aos meus irmãos o que aconteceu.

Mas a minha casa foi tomada pela imprensa, que fez muitas perguntas quando eu fui ao jardim chamar o motorista, já que todas as empregadas estavam ocupadas cuidando para que as crianças não soubessem do ocorrido.

Decidi sair pela frente da casa sozinha com o meu carro e mandei o motorista ir pelos fundos com os meus irmãos e os seguranças, para poupá-los das perguntas da imprensa.

Quando cheguei na faculdade, decidi ligar para o motorista, João, e perguntar como foi o caminho deles até a escola das crianças. Ele falou que tinha sido "tranquilo" mas na porta da escola havia muitos repórteres e que o Heitor acabou ouvindo uma pergunta de um jornalista e o perguntou do que se tratava, mas ele conseguiu desconversar .

A minha aula acabou, sem que eu conseguisse me concentrar direito. Os professores perceberam a minha falta de atenção, porém não me chamaram a atenção. Provavelmente já devem saber do ocorrido. A uma hora dessas, quem não sabe?!

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