19 dias antes.

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Ouvi meu despertador tocar. Uma. Duas. Três. Argh, hora de levantar. Rolei na cama e bati minha mão no despertador lhe fazendo parar de tocar. Eu odiava aquela merda. Seu barulho me irritava. Eu devia comprar um novo que tocasse músicas mais animadas, mas não. Todo dia acordava com os mesmos piiiii, piiiii, piiiiiiiiiiiiiiiiii, no ouvido.

Abri meus olhos rapidamente e logo em seguida levantei da cama. Eu adorava ter tempo para ficar enrolando ali, mas realmente não tinha. Fui até a cozinha para colocar a cafeteira para funcionar enquanto esquentava meus waffles, encontrei Normani largada no chão no mesmo lugar que eu a tinha deixado na noite anterior. Revirei os olhos.

-Normani. Levanta. Vamos, levanta. – Cutuquei seu corpo com o pé e ela se mexeu um pouco se virando para mim e agarrando meu pé como se ele fosse um travesseiro qualquer. Abaixei na frente dela e sacudi seu corpo. – Levanta daí Normani. Anda.

-O que? – Ela abriu os olhos e olhou em volta. – Eu estou no chão?

-É, você está, sim. Levanta logo daí e vai limpar seu vômito da banheira porque eu preciso tomar banho. – Falei tirando meu pé que estava entre seus braços e fui até o armário pegar uma caneca.

-A culpa é sua de eu estar no chão. Não consegui me levantar depois do empurrão que me deu ontem. – Falou e eu continuei ignorando-a. Coloquei a cafeteira para funcionar. – Aliás, por que fez isso?

-Você me empurrou antes. – Respondi, me defendendo. Abri a geladeira e peguei os waffles prontos na prateleira. Olhei para trás e a vi sentada no chão, segurando a cabeça entre as mãos.

-Mas eu estava bêbada, você não. – Retrucou e eu revirei os olhos.

-Vai limpar a porra do banheiro Normani, que merda! – Soltei com raiva. Era sempre assim, ela agia como uma louca no dia anterior, e sempre justificava dizendo que estava bêbada. Nesse meio tempo eu tinha que cuidar dela, ouvir desaforo e ainda ter meu banheiro fedendo a vômito. Em que mundo aquilo era justo?

-Falou, estressadinha. – Se levantou, apoiando-se na mesa e se arrastou para o banheiro lentamente.

Tomei café rapidamente, e logo fui para o banheiro tomar banho. Felizmente a banheira estava limpa, apesar de eu saber perfeitamente o que estava ali há alguns minutos atrás então tomei o banho mais rápido da história (o frio também não ajudava muito).

Troquei de roupa, olhei as horas constatando que ainda tinha tempo, e corri até a porta de casa para pegar o metrô.

-Desculpa, Laur. – Normani pediu tentando me abraçar enquanto eu tentava sair de casa.

-Falou. Só que vou logo te avisando que não adianta me ligar de bar nenhum hoje a noite porque eu não vou te buscar. – Respondi tentando me desvencilhar dela, e ela sorriu.

-Não se preocupa. Hoje é dia de American Horror Story, eu nunca estragaria esse dia para você. – Ela respondeu me soltando.

-E também, próxima vez que você vomitar na banheira eu me mudo, ok? – Falei, obviamente mentindo, e ela revirou os olhos, sabendo que era mentira, mas concordou com a cabeça para fingir que eu tinha vencido.

Não vou dizer que sou uma daquelas pessoas apaixonadas pelo trabalho, porque não sou. Mas também não odeio ir todo dia para o trabalho porque eu realmente gosto do que faço.

Eu trabalho numa editora, e meu trabalho não podia ser melhor. Eu recebo os manuscritos de livros, leio, e os que tem potencial entrego para minha chefe. É incrível passar o dia lendo, então não vou me queixar. Mas é um saco quando eu chego morrendo de sono e tem uma pilha de livros maior que minha mesa me esperando para serem avaliados. Em dias assim tudo que eu quero é voltar para casa, me jogar no sofá com um copo de café e assistir TV.

Isso demorou de acontecer nesse dia, mas também quando deu cinco da tarde eu já estava longe daquele lugar e dentro do metrô voltando para casa, só torcendo mentalmente para que Normani não tivesse saído e se enfiado em outro bar, me obrigando a ser a chata que vai busca-la e acabar com a diversão.

-Oi Laur. – Mani disse assim que entrei em casa. Ela estava sentada no sofá, com um copo de vinho tinto na mão vendo TV. – Como foi o trabalho hoje?

-Um saco. – Tirei o sobretudo preto que estava usando e fui até ela.

-Eu comprei vinho e pensei que a gente podia ficar por aqui hoje vendo TV.

-Finalmente você teve uma boa ideia. – Eu disse com um sorriso no rosto e ela me deu um tapa fraco na perna.

-Amanhã a gente vai de novo no bar.

-E de volta às péssimas ideias. – Saí da sala e fui até o quarto. Troquei de roupa e voltei para o sofá, me jogando ao seu lado, ela me deu um copo de vinho. – Como você está?

-Curada da ressaca. – Normani respondeu e eu neguei com a cabeça. – Ah, por causa da que não pode ser mencionada?

-É.

-Eu não sei o que fiz de errado essa vez.

-Deve ser esse o problema.

-Eu sou péssima em relacionamentos. – Normani disse e levantei meu copo batendo no dela.

-Eu brindo a isso. – Eu disse com um sorriso no rosto e Normani gargalhou.

-Claro que brinda. – Brincou me empurrando com o corpo e nós voltamos nossa atenção ao programa que estava passando na TV.

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