1 dia depois.

149 4 2
                                    

PIIII, PIIIIII, PIIIIII. Levantei da cama e olhei para o lado. Eu estava sozinha. E eu estava em casa. Mas por que será que aquele apartamento minúsculo não parecia mais como minha casa? Cala a boca, Lauren. Levanta, se veste e vai trabalhar.

Saí do quarto me arrastando lentamente até chegar na cozinha. Normani estava de pé, o que não era normal de acontecer.

-Caiu da cama ou tá chegando agora? – Perguntei e em resposta ela revirou os olhos. Coloquei a cafeteira pra funcionar enquanto ela pegava os waffles na geladeira.

-Estou no fuso horário de lá.

-É só 1 hora de diferença, Mani.

-Ah é, tá. Mas, lá a gente tava acordando cedo né?

Eu ri. Lá a gente estava acordando às 9h ou 10h da manhã. Eu acordava às 7h em Nova Iorque. Normani acordava 12h. Eu suponho que era realmente cedo pra ela.

-Você já tá com saudades de lá, como eu? – Perguntou. Eu respirei fundo.

-Ainda não. – Menti. – Acabamos de chegar. – Dei de ombros para reforçar a mentira, como se a Mani não soubesse a verdade. – Talvez eu sinta saudades da praia hoje quando tiver no escritório lendo manuscritos chatos.

-E da Camila? – Cutucou, sabendo que eu realmente não queria falar sobre aquilo.

-Claro que não.

Engoli o café da manhã e corri para o banheiro para tomar banho. Mas que mentira. Tudo que passava pela minha cabeça era eu e Camila ali naquela banheira juntas, mais se sujando do que realmente ficando limpa. E o pior é que a filha da puta tinha feito um ótimo trabalho para que eu não a esquecesse, com todos aqueles chupões que ela tinha deixado nos meus seios e na minha virilha.

Eu ficaria o dia inteiro ali se pudesse, mas eu realmente não podia. Que raiva já ter que voltar para o trabalho. Saí de casa deixando Mani ainda acordada reclamando que ia se mudar para as Bahamas. Eu realmente não sei porque ela reclamava tanto, pelo menos a namorada dela morava aqui.

Meu dia não podia ter passado mais lento. Todos os manuscritos que peguei eram chatos, e eu só queria uma taça de vinho e um programa de TV que me fizesse parar de pensar na Camila. Eu olhava meu celular de dez em dez segundos.

Ela tinha o meu número, mas ela não tinha mandado mensagem ainda me perguntando se eu tinha chegado à Nova Iorque ou perguntando se eu ainda estava viva. Eu só queria lhe dizer o quanto já estava sentindo sua falta, mas eu ia ser forte e não ia falar nada.

Saí do trabalho correndo para pegar o metrô. Sentia falta de não precisar encontrar tantos bêbados no caminho de casa.

-Lolo!

Arregalei os olhos olhando em volta. Camila? Não. Não podia ser.

-LOLO!

Camila. Só podia ser ela, mas eu não a via em nenhum lugar meio tanta gente.

-CAMILA? – Gritei olhando em volta, ainda perdida.

-Oi lésbica. – Dinah surgiu do meu lado e eu dei um pulo.

-Era... Você?

-Claro! Você imaginou que seria a Camila aqui em Nova Iorque para te dizer que você é o amor da vida dela?

-Vai se foder.

-Oh. – Ela exclamou entrando no metrô depois de mim. Se sentou ao meu lado. – Você queria que ela viesse fazer isso, né?

-Não.

-Você realmente gosta dela, né?

Revirei os olhos.

-Você vai ficar feliz se eu disser que sim?

-Lógico que não, Laur. – Me abraçou de lado como se a qualquer momento eu fosse desabar em lágrimas. Ok, talvez eu fosse. – Eu sinto muito ela estar tão longe.

-A culpa é sua. – Resmunguei. – Se não tivesse me incentivado...

-Claro. Fui eu que enfiei sua língua na boca dela.

Revirei os olhos mais uma vez.

-Sinto muito.

-Vamos mudar de assunto? – Pedi enxugando as lágrimas que caíram e ela concordou com a cabeça sem antes me dar um beijo reconfortante na testa.

-Bom, você falou com a Mani? Como foi a entrevista dela? – Me perguntou fazendo minhas sobrancelhas se comprimirem.

-Ela não me falou nada de entrevista.

-Uuuh. – Levou a mão aos lábios. – Acho que não queria te deixar esperançosa sobre arranjar um emprego.

-Onde mesmo que ia ser essa entrevista?

Deu de ombros sem saber responder. Logo estava na minha hora de descer.

-Minha parada.

-Eu vou com você. – Sorriu se levantando atrás de mim e saindo do metrô. Finalmente olhei para sua mão e vi uma sacola com um vinho. Apontei para sacola como se perguntasse o que era. – Vinho. Sabe, se ela passou vamos beber pra comemorar e se não vamos beber para lamentar.

-Ótimo incentivo para quem estava sem beber por você.

-Lauren, uma coisa é ela beber uma taça de vinho com a namorada dentro de casa, outra coisa é encher a cara e ir parar em Nova Jersey com gente que ela nunca viu na vida a tempo de ser assaltada ou, sei lá, coisa pior.

-Ela te contou?

-Uhum. Por sinal, obrigada por deixa-la a salvo.

-Tá tudo bem.

Fomos conversando no caminho até minha casa. Quando chegamos lá Mani estava sorridente.

-E aí, amor? – Dinah perguntou assim que chegamos em casa.

-Eu tenho um emprego! – Gritou empolgada e as duas foram se abraçar e se beijar.

-Onde?

-Uh... Tá. Eu estou trabalhando pro meu pai. Quer dizer, ele já me dava dinheiro de qualquer jeito, mas agora pelo menos eu vou fazer alguma coisa para "merecê-lo".

-Melhor que ficar aqui bagunçando a casa. – Eu ri levando um empurrão de volta. – Me dá uma taça de vinho aí.

Sentei no sofá e fiquei encarando as duas conversando apaixonadas. Droga, eu sentia falta daquilo. Urgh. Eu, Lauren Jauregui, sentia falta de ser um casal. É, eu devia estar ficando louca, otária e babaca. Mesmo assim, tudo que eu queria era Camila sentada no meu colo me dando seu sorriso insuportavelmente delicioso a cada frase, e após cada beijo.

Bahamas FiveOnde histórias criam vida. Descubra agora