Dia 16 de 16.

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-Merda. – Resmunguei assim que acordei. Eu ia embora aquele dia. Olhei para o lado e Camila ainda dormia. Respiração profunda, seus lábios praticamente formando um biquinho, seus cabelos lhe cobrindo um pedaço do rosto, tão linda. Tão serena, e provavelmente cansada.

Eu não sabia o que eu tinha significado para Camila. Se eu tinha sido mais uma, se eu tinha sido qualquer uma, se no dia seguinte ela já levaria alguém para dormir ao seu lado no meu lugar, se ela tinha realmente dito que me amava ou qualquer outra coisa. Eu mentiria se eu dissesse que eu não queria saber. Eu queria muito. Porque o que começou como um "experimento sociológico" me fez ver as coisas de um jeito tão diferente. E tudo por causa dela. Então eu queria saber se eu tinha significado metade do que ela significava para mim, mas eu não ia perguntar. Eu nunca iria perguntar, consequentemente eu nunca iria saber.

-Camz? – Chamei, enquanto tirava os fios do cabelo do seu rosto. Ela balançou um pouco, gemeu baixinho, e finalmente abriu os olhos. – Bom dia.

-Bom dia, Lolo. – Sorriu. Droga, eu ia sentir falta da sua voz me dizendo bom dia. Eu ia sentir falta do seu sorriso. Eu ia sentir MUITA falta dela me chamando de Lolo.

-Último café-da-manhã juntas? – Perguntei e ela concordou com a cabeça se levantando da cama. Eu me levantei logo em seguida e nós fomos encontrar Mani, Dinah e Ally para o café-da-manhã.

Assim que terminamos de comer, voltamos todas para o meu quarto. Mani e eu tínhamos que arrumar nossas coisas, porque nosso voo sairia de lá as 15h. Dinah tinha trocado a passagem dela, e iria embora com a gente também.

Obviamente terminei de arrumar minhas coisas bem antes da Normani. Ela era muito lerda pra se arrumar e arrumar as coisas também. Camila me chamou no canto do quarto assim que viu que eu já tinha fechado minha mala.

-A gente pode ir dar uma volta?

Concordei com a cabeça. Andamos até a porta e eu não falei nada antes de sair, mas Ally nos viu saindo e sorriu para mim acenando com a cabeça.

-Onde vamos? – Perguntei assim que ela segurou minha mão.

-Não seja tão ansiosa, olhos verdes. – Sorriu provocativa. Eu achei que me levaria de volta para o seu quarto, mas não foi isso que ela fez. Saímos do hotel em direção à praia.

-Camz, me fala. – Pedi impaciente pela surpresa.

-Lá pra cima. – Apontou.

Eu sorri imediatamente, me lembrando do primeiro dia que nos conhecemos. Ela me fez escalar um monte de pedras e andar pelo meio da mata, mas assim que cheguei lá em cima entendi tudo. Ia ser incrível voltar lá.

Nós fomos o caminho todo conversando. Eu esqueci que ia embora. Esqueci que não ia mais vê-la, tocá-la, acordar e dormir ao seu lado. Esqueci de tudo. Só lembrei que estava completamente apaixonada por ela.

Chegamos lá em cima e eu dei uma olhada em volta respirando fundo. Camila andou devagar na minha direção e se postou ao meu lado. Eu sorri, ela encostou seu dedo indicador no meu, como se me pedisse para fazer o resto do trabalho. Eu fiz, entrelaçando nossos dedos, como na primeira vez que fomos ali. Ela sorriu, e dessa vez eu tive certeza que não tinha sido por causa da vista. Dessa vez eu tinha sido a razão daquele sorriso lindo. Logo em seguida apoiou sua cabeça no meu ombro e nós nos permitimos ficar um tempo sem silêncio.

-Sempre quis vir aqui em cima com alguém especial. – Falou, um tempo depois.

-Você diz isso pra todas? – Perguntei de brincadeira, por não saber lidar com uma declaração tão séria.

-Digo. – Falou dando risada. Eu não a acompanhei, na verdade, fiz o contrário apertando as sobrancelhas. Não esperava que ela dissesse aquilo, e não estava pronta para ouvir que era apenas mais uma. – Mas nunca falei de verdade, como agora.

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